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Regiao de Ribeirao Preto atrai indústrias com incentivos
Do Diário do Grande ABC
06/11/1999 | 13:33
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Incentivos concedidos em nível municipal estao atraindo empresas de pequeno e médio porte para o interior do estado de Sao Paulo. Exemplo disso sao os municípios de Franca, Araraquara e Sao Carlos, na regiao de Ribeirao Preto, que estao contabilizando os investimentos recebidos nos últimos três anos por conta da transferência de empresas de outros estados e da regiao metropolitana de Sao Paulo.

Em Franca, pelo menos duas empresas migraram de Curitiba (PR) para o município, desde que a Câmara aprovou lei de incentivo fiscal, em julho, que devolve entre 30% e 50% do Imposto sobre Circulaçao de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a empresa que gerar mais de 150 empregos no município. Para cada dez empregos a mais do que este mínimo, é devolvido mais 1% do ICMS, até o limite de 50%. Entre as empresas que se instalaram em Franca está uma fábrica de fogoes, que ainda nao está operando e a empresa Nômade, fabricante de botas de alpinismo.

Segundo o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento do município, Cassiano Pimentel, outras três empresas, duas de Sao Paulo (capital) e outra do setor de confecçoes do Rio Grande do Sul estariam fechando negócio para se transferir para Franca até o início do ano 2000. "Nao pretendíamos reproduzir em nível municipal uma guerra fiscal, mas percebemos que muitas empresas buscavam algum incentivo por parte da prefeitura para gerar renda no município e o que fizemos foi tentar abrir mao do mínimo possível", explicou.

A lei, que está sendo estudada por municípios da regiao, também se estende para empresas já instaladas em Franca e que tenham interesse em fazer novos investimentos, gerando mais de 50 empregos. "Ainda nao tivemos notícia de alguma empresa que se enquadre neste perfil, mas acredito que no próximo ano esse benefício já esteja mais claro e podendo ser utilizado pelas indústrias locais", disse.

Empregos - Os primeiros resultados da lei de incentivo fiscal da Prefeitura de Franca sao a geraçao de cerca de 350 empregos com a instalaçao das fábricas de fogoes e de botas de alpinismo. A primeira trata-se de uma fábrica de fogoes que estava instalada em Curitiba até ser adquirida pelo grupo Lavy, que produz tanques para lavagem automática de roupas em sua unidade em Brodósqui. A fábrica de Curitiba foi transferida para Franca com o nome de Fábrica de Fogoes Franca, recebendo investimentos de R$ 3 milhoes e gerando 200 empregos. A expectativa dos sócios do empreendimento é produzir 30 mil fogoes por mês.

A previsao é de que um ano após o início do funcionamento previsto para este mês de novembro, a empresa aumente mais 200 vagas para elevar a produçao para 60 mil fogoes por mês. Já a Nômade, empresa fabricante de botas de alpinismo está trocando suas instalaçoes de Curitiba por uma unidade em Franca. Desde agosto a empresa já vem fabricando cem pares por dia e deve chegar ao início do ano que vem com a conclusao da transferência da fábrica, com a produçao de mil pares por dia. A instalaçao da unidade, com investimentos de R$ 2 milhoes, vai gerar até fevereiro 150 empregos diretos e 450 indiretos.

No caso da Nômade, a prefeitura também se comprometeu a ajudar a empresa a construir sua unidade nos próximos dois anos. A pretensao da empresa é chegar neste período a uma produçao de mil pares por dia, segundo o proprietário Fábio Monroe. Em 98, com a unidade em Curitiba a empresa fechou o ano com 25 mil pares por ano, com faturamento de R$ 1,25 milhao. Até janeiro, a expectativa é de colocar no mercado um total de 20 mil pares por mês, elevando o faturamento para R$ 2,5 milhoes.

Distrito industrial - O maior interesse da prefeitura de Franca, no entanto, está na construçao de seu distrito industrial, destinado apenas às micro e pequenas empresas. No final do ano passado, a prefeitura financiou 76 lotes da área com preços 30% menores do que o refletido pelo mercado e prazo discutido com cada uma das empresas a se instalarem no local de acordo com o total de investimentos feito. A expectativa é que com os 76 lotes sejam gerados 600 empregos no momento que todas as microempresas estiveram em funcionamento, o que está previsto para acontecer até fevereiro do ano 2000. "Serao empresas que terao acompanhamento do Sebrae para que consigam se desenvolver", disse Cassiano Pimentel, secretário de Desenvolvimento do município, que nao esconde que essa deverá ser uma das plataformas que o prefeito Gilmar Dominici (PT) deverá utilizar no próximo ano para tentar abocanhar a reeleiçao.

Doaçao - Em Sao Carlos, o projeto de incentivo às micro e pequenas empresas que queiram se instalar no município conseguiu atrair 69 empresas, já em funcionamento, nos últimos dois anos, com a doaçao de terrenos entre 80 metros quadrados a até 2.700 metros quadrados. O incentivo, segundo o diretor industrial da Secretaria de Desenvolvimento Indústria e Comércio do município, Guirlei Medeiros, foi o responsável por gerar quatro mil empregos. Os investimentos totais nessa área, lembra ele, atingem R$ 10 milhoes.

"Com a vinda Volkswagen para Sao Carlos esperávamos uma série de investimentos de empresas ligadas à montadora que acabaram nao acontecendo. Para nossa surpresa o superinvestimento da Volks terminou com ele mesmo, em torno dos R$ 270 milhoes e 450 empregos gerados, enquanto que as pequenas empresas instaladas no novo distrito industrial nao param de crescer e gerar novas formas de renda", explicou Medeiros. Segundo ele, no entanto, os incentivos nao foram os únicos atrativos para a instalaçao das empresas e desenvolvimento das empresas no município, principalmente ligadas à área de tecnologia. "Sao Carlos possui um dos maiores parques de mao-de-obra qualificada devido as universidades", salienta.

Entre as empresas que se instalaram em Sao Carlos em busca da concessao de terrenos e mao-de-obra qualificada destacam investimentos que vao de R$ 130 mil, como o realizado pela AMF Montagens Industriais, que gerou empregos para dez pessoas no ano passado e atualmente já emprega 30 funcionário, a R$ 1 milhao, da Asti (Andrade Soluçoes Técnicas e Integradas) em sociedade com a Transmecânica, para a fabricaçao de transportadores para frigoríficos, também utilizados como esteiras nas indústrias de bebidas.

A empresa, que já possui 20 mil máquinas vendidas no mercado, estava instalada inicialmente na Grande Sao Paulo e transferiu-se para Sao Carlos em agosto, devendo entrar em funcionamento com cerca de 40 funcionários a partir de janeiro. Também recém chegada da capital paulista, a Metalúrgica Ibérica, que atua na área de calderaria e equipamentos industriais investiu R$ 500 mil, gerou 40 empregos desde sua instalaçao em junho e deve encerrar seus primeiros seis meses de funcionamento no município com um faturamento de R$ 5 milhoes, cerca de 20% a mais do que no ano passado.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Industrial do Município, o próprio setor metalúrgico cresceu 19,5% na cidade entre 1996 e 1998. Pesquisa que está sendo concluída pela secretaria até o final do ano deverá apontar o mesmo crescimento somente em 99, em comparaçao com o ano passado. O crescimento, de acordo com Guirlei Medeiros, diretor da secretaria, se deve ao volume de investimentos nessa área, já que pelo menos 14 das 69 empresas instaladas sao ligadas ao setor de metalurgia.




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