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Revelação aposta no bom samba
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
27/02/2001 | 17:13
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O pagode de mesa com clima de festa de fundo de quintal reuniu os amigos Xande de Pilares, Mauro Junior, Beto Lima, Artur Luís, Sergio Rufino e Rogerinho no grupo Revelação, que lança seu segundo CD, Nosso Samba Virou Religião (BMG, 14 faixas, R$ 20 em média). As aparências podem dizer o contrário, mas trata-se de um grupo de samba, e não de pagode. Eles fazem questão de deixar isso claro: “Grupo de samba tem de tocar partido alto. Se vier com romantismo, pessoal da mesa não gosta”, diz Mauro Junior.

O que eles querem é ver as mulheres dizendo no pé com um trabalho fincado na raiz do samba, a batucada de fundo de quintal. “Esse disco é a nossa cara”, conta Xande de Pilares. O que quer dizer que o primeiro não era, composto “às pressas”, para aproveitar as horas de estúdio que o produtor do Revelação, Bira Haway, possuía. Com um repertório escolhido no susto e músicos no estúdio tocando para eles, o resultado não agradou. O álbum acabou lançado só no Rio. “A gente considera o segundo CD como a nossa estréia porque ele tem a nossa pegada. É a gente que está tocando”, conta Mauro Junior.

A produção também é de Bira Haway (do Soweto, Molejo e outros grupos), com arranjos de Rildo Hora, Jota Moraes, Ivan Paulo e Marcelo Réa. Na primeira faixa, o grupo fez o arranjo de Zé Tambozeiro (Candeia e Vadinho), gravada primeiro por Clementina de Jesus. A faixa tem a participação especial de Martinho da Vila, que topou dar uma força para o grupo, cantando ao lado de Xande. É pura raiz. O clipe desta música foi gravado para ser exibido no último dia 28 no Video Show, programa da Rede Globo. A cara que o grupo mostra está em Virou Religião, composta por Arlindo Cruz, Xande e Mauro Junior, batucada nascida na casa de Arlindo.

Mas o romantismo também está presente. Aquela Jura (Xande e Ronaldo Marques), por exemplo, soa como aqueles refrões fáceis dos grupos de pagode, que aliás, nem gênero musical é e, sim, festa com samba. O Revelação comete outros deslizes que o aproximam mais dos pagodeiros românticos. Xande e Mauro Junior são compositores de algumas músicas de Soweto, Boka Loka, Samba Solto, e não poderia ser diferente.

O que o grupo gosta mesmo, revela Xande, é de subir num palco e, a partir de março, depois do Carnaval, eles pretendem fazer mais shows fora do Rio. “Adoramos uma batucada”, conta Xande. “Quando a gente sobe no palco, pode ter alguém com o problema que for, mas lá em cima é tudo beleza”, diz. O disco, porém, fica a meio caminho da batucada e do sambanejo, pendendo para o primeiro ritmo.




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