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Historiador diz que nazistas não utilizaram tecnologia da IBM
Das Agências
13/02/2001 | 11:20
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O chefe do departamento histórico do museu de Auschwitz, Franciszek Piper, excluiu categoricamente nesta terça-feira a possibilidade de que a tecnologia IBM tenha sido utilizada pelos nazistas alemães nesse campo de extermínio, mas reconheceu que informações podem ter sido transmitidas a Berlim, para serem integradas ao sistema.

Piper descartou assim a tese do livro ‘‘IBM e o Holocausto’’ do jornalista norte-americano Edwin Black, segundo a qual os nazistas teriam utilizado o sistema IBM no campo de extermínio de Auschwitz Birkenau.

‘‘É inimaginável que os presos não tenham percebido uma instalação tão importante. Excluo tal possibilidade’’, declarou Piper.

‘‘Dispomos de mais de 3 mil relatos de ex-presos de Auschwitz, entre eles pessoas que trabalharam na administração do campo. Nesses relatos não há nenhuma menção a tal instalação’’, acrescentou Piper.

No entanto, ‘‘não poderia excluir a existência de uma célula na administração do campo, encarregada de transmitir a Berlim informações para serem inseridas no sistema’’, reconheceu.

Piper admitiu que nos arquivos do museu de Auschwitz existem fichas pessoais de ex-presos do campo, nas quais podem se encontrar sinais da utilização do sistema IBM. ‘‘Mas, são fichas de pessoas que foram transferidas de Auschwitz a Mauthausen, na Áustria, onde essa tecnologia havia sido utilizada’’.

‘‘O campo de Auschwitz não necessitava de tal instalação; esse sistema poderia ser utilizado, sobretudo, na identificação de futuras vítimas e na organização do transporte para os campos de concentração ou para lugares onde o regime nazista precisava de mão-de-obra’’, acrescentou.

‘‘Aqui, em Auschwitz, os presos já estavam sendo dirigidos para as câmaras de gás’’, afirmou.

Para Andrzej Zbikowski, historiador do Instituto de História Judia de Varsóvia, não existe nenhuma prova da utilização da tecnologia IBM nos guetos judeus da Polônia.

‘‘Não encontramos nenhum rastro de máquinas ou programas IBM na Polônia durante a guerra. Temos estudado os arquivos dos guetos, entre eles os de Lodz e Varsóvia, que eram os mais organizados. Todas as fichas estavam constituídas manualmente’’, declarou.

Sobreviventes do Holocausto acusam a empresa norte-americana IBM, através de sua filial alemã, de ter vendido para Alemanha nazista máquinas de cartões perfurados (máquinas ‘‘Hollerith’’). Esta tecnologia teria permitido que os censos de 1933 e 1939 fossem extremamente precisos e teria facilitado a localização de judeus e outras categorias sociais consideradas inferiores.




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