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Uma semana após anúncio, preço da gasolina ainda não cai
Vinícius Claro
Especial para o Diário
22/10/2016 | 07:29
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Nario Barbosa/DGABC:


Uma semana após o anúncio da redução nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias da Petrobras, o consumidor do Grande ABC não percebeu diminuição na bomba. O Diário acompanhou os valores cobrados pelo litro da gasolina em dez postos da região durante a semana, e apurou que não houve alteração.

As únicas mudanças notadas foram no preço do etanol, que aumentou cerca de R$ 0,06 para revendedores BR e Ipiranga. Além disso, a Shell subiu ontem em R$ 0,15 o litro do combustível renovável.

O desconto de R$ 0,05 esperado no litro do etanol, de acordo com os donos de postos, não foi repassado pelas distribuidoras. A única empresa que teve diminuição foi a Raízen, autorizada da Shell, com recuo de R$ 0,02.

De acordo com o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Grande ABC), Wagner de Souza, esse valor não foi repassado porque as mudanças acontecem geralmente na casa de R$ 0,05. “Sempre estamos na dependência das distribuidoras. Se elas realmente repassarem, o revendedor vai repassar.” Ele avalia que a primeira experiência com a nova política adotada pela Petrobras foi “terrível”, e que eventual mudança no preço do barril do petróleo não necessariamente trará reduções.

O Diário procurou as três principais distribuidoras, BR, Raízen e Ipiranga e, no entanto, só obteve resposta de duas.

A Ipiranga informou que o preço de venda para seus clientes revendedores é livre, e varia conforme as regras usuais de mercado para qualquer tipo de produto, atribuindo ao revendedor a responsabilidade do preço na bomba.

“O movimento de redução do preço da gasolina e do diesel não deve ser visto isoladamente. Ele depende de variáveis, como tributos, logística e o avanço de biocombustíveis (etanol e biodiesel), substâncias que fazem parte da composição dos combustíveis. O aumento do preço do etanol, por exemplo, no mercado como um todo vem ocorrendo no último mês devido à entressafra da cana-de-açúcar, que é habitual neste período. Desta forma, é natural que haja oscilação no mercado”, disse, por meio de nota.

A Raízen, na quarta-feira, já havia se posicionado de forma semelhante à Ipiranga. A BR Distribuidora, porém, não respondeu até o fechamento desta edição.

PASSA OU REPASSA - Muitos personagens envolvidos na cadeia da gasolina atribuíram a manutenção do preço na bomba, em vez da redução, ao aumento do litro do álcool. No entanto, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) esclarece, em nota, que os reajustes no etanol hidratado não podem ser usados como justificativa. Isso porque o preço do etanol anidro, que compõe a mistura da gasolina, não sofreu alteração desde o anúncio da Petrobras.

“A entidade ressalta que a composição do valor do combustível fóssil depende de diversas variáveis, entre elas custo do produto na refinaria, a margem da distribuidora, da revenda, o valor do preço médio ponderado final, atualizado a cada 15 dias para recolhimento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), e o custo do etanol anidro”, justifica.

“Em termos numéricos e comparativos, o preço do litro da gasolina na Capital, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), variou entre R$ 3,09 e R$ 3,69 na semana de 9 a 15 de outubro. Já o produtor de cana-de-açúcar está vendendo, neste momento, o litro do etanol anidro entre R$ 2 e R$ 2,10, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP. Significa que o biocombustível representa apenas 15% do preço de bomba. Uma prova de que isso não é fator determinante nesta conta”, diz a Unica.

Enquanto isso, o consumidor não vê a ‘cor’ do desconto na bomba, e ainda paga mais caro pelo etanol.


 




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