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Cursos de férias trazem diferenciais
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
24/06/2011 | 07:10
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As férias escolares são oportunidade de o profissional ou estudante que não tem tempo durante o ano correr atrás de mais capacitação. Universidades e outras instituições oferecem matrículas para cursos de curta duração. Geralmente formação do tipo é diferencial na hora de buscar emprego.

É o caso da psicóloga Keidi Mendes, 31 anos. Ela mudou o rumo de sua vida profissional em razão de vivenciar várias experiências que se integraram a sua personalidade. E cursos técnicos que fez a ajudaram a pensar em outra profissão. Adepta de várias atividades extracurriculares, queria ser desenhista, quando adolescente.

Com habilidade para o desenho, prestou vestibular em Edificações. Com o objetivo de ampliar os recursos da técnica, correu atrás de um curso oferecido nas férias, de AutoCad - um tipo de software de edição, o que seria um diferencial. Terminando o Ensino Médio Técnico, percebeu que tinha interesse pelo comportamento humano. Já no curso de Psicologia, outros cursos foram se integrando no período de férias, já que o trabalho e a vida universitária ocupavam todo o dia da jovem.

 

Para falar melhor, o advogado Anderson fez programa de férias voltado para o discurso, na Universidade Metodista, em 2008. "Se não tivesse feito seria mais difícil de lidar com juízes etc. Aprendi técnicas de oratória que me ajudaram", lista, sustentando que pretende fazer mais aulas do tipo.

A consultora de recursos humanos Maria de Fátima e Silva, gerente da área de responsabilidade social do grupo Gelre, afirma que qualquer atividade que agregue conhecimento é válida. A ideia é que o curso esteja alinhado com os interesses profissionais do estudante. "Acho que só estou onde estou hoje por conta de todos os cursos que eu fiz. Não tem outra maneira de entrar no mercado e evoluir sem se apropriar do que aprendi com isso", afirma a psicóloga, que já fez inglês e dois módulos de francês em períodos de pausas nas atividades. Ela diz que essas formações foram demandas da continuidade do aprendizado, nas duas pós-graduações que faz.

O pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Metodista, Fabio Botelho Josgrilberg, afirma que os cursos de férias se sustentam por dois objetivos: servir como uma janela, em que o aluno pode mudar para outras carreiras ou aprofundar aspectos que já se utiliza na vida profissional - como aconteceu com Keidi. "As férias têm muitas vantagens, você se aperfeiçoa rápido e há flexibilidade", conta, ao acrescentar que instituições com renome são bem avaliadas pelo mercado na hora de contratar quem tenha o diferencial.

O professor José Carlos Garé, da área de relações institucionais da pós-graduação da USCS, afirma que os cursos são quase que imprescindíveis. "Agrega conhecimento cultural e não apenas profissional, além de complementar a formação", define.

Serviço: Cursos de férias - Metodista - http://www.metodista.br/cursos-de-atualizacao-profissional. USCS - http://www.uscs.edu.br/cursosdeextensao/

 

Há programas até de formação de DJs

Há atividades que desenvolvem a criatividade e geram aperfeiçoamento em novas áreas, o que é visto no mercado como uma forma de contribuir para a evolução profissional.

Tem até curso de férias para DJ - operador de máquina que distorce sons, criando novos tipos de músicas e ritmos. São profissionais recorrentes nas baladas. É o caso da escola E-djs, que apostou em módulos para formar profissionais com idades diferentes. Apesar de não ser exclusivo para as férias, a empresa aposta nesse período para atrair novos alunos.

O estudante de 18 anos João Celso Setulvida Junior é um dos que aproveitaram o mês de descanso para a especialização. O são-caetanense partiu para a Capital, onde fez capacitação a fim de operar máquinas que distorcem o som e agitam as baladas, há quatro anos.

Apesar de ter desembolsado em média R$ 780 nas aulas de curta duração, ele conta que não se arrepende. "Aprendi todas as técnicas que você precisa para ser um profissional do tipo. Terminei em duas semanas", afirmou.

O jovem é um caso dos que usaram o curso como motor para uma especialização. Tanto que decidiu persistir na atividade, mesmo que a frequência de festas em que tocou tenha diminuído. E não é para menos. Logo que pegou o canudo da escola, continuou trabalhando para a E-djs, chegando a tocar praticamente todas as semanas. Por duas horas, ele já recebeu R$ 380. Ganhava apenas na atividade cerca de R$ 1.300 ao mês, para baixa carga horária.

Apesar de fazer uma festa em média por mês atualmente, por ter que dividir o tempo com outros cursos e atividades, conta que não largará a profissão. "Está cada vez mais concorrido, muita gente procurando a formação. Mas se você toca muito e bem, dá um bom dinheiro."

Serviço: Escola E-djs - Preço: cada módulo sai por 6 x de R$ 200 ao mês. Endereço: Rua 24 de maio,116, Galeria Presidente. 1° andar, Lj. 16, República, São Paulo. www.e-djs.com.br

 

Bola da vez são atividades voluntárias

Além dos cursos considerados básicos pelo mercado atualmente, como o de inglês, e das atividades específicas nas áreas técnicas e humanas, a bola da vez também são as atividades voluntárias.

A gerente da área de responsabilidade social da Gelre, consultoria de RH, Maria de Fátima e Silva, afirma que esse ponto pode ser crucial durante processo seletivo. "Hoje, um novo diferencial é perceber que os jovens sejam profissionais que tenham essa preocupação social, além da sustentabilidade na sua formação", define.

Isso ocorre em função das novas exigências de mercado, num cenário de empresas mais enxutas e com funcionários que têm mais formação, não apenas profissional, como também cultural.

A consultora reitera que antes pouca especialização bastava para suprir as necessidades de uma vaga, fato que não ocorre mais. "Exige-se desse profissional uma vontade para conhecer coisas novas, de se reciclar na atividade e acompanhar tudo o que esteja acontecendo."

Ela cita como exemplo as próprias empresas que disponibilizam treinamento aos funcionários. O fato de esse profissional não demonstrar interesse pelas aulas já é um fator que pode derrubar as opções de promoção. "Às vezes você é um excelente profissional. Mas para por aí. E isso gera defasagem. Antes apenas o inglês era necessário. Hoje já há empresas que pedem mandarim", afirma.




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