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Grande ABC ingressa no novo mercado de créditos de carbono
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
09/12/2006 | 20:07
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O Grande ABC começa a fazer parte de um mercado novo no mundo: o de créditos de carbono. Empresas instaladas na região vão se beneficiar financeiramente com projetos que geram a redução de gases causadores do efeito estufa (como o dióxido de carbono e o metano).

O mercado surgiu em função do Protocolo de Quioto, no qual países em desenvolvimento estabeleceram metas para reduzirem seus níveis de emissão. Como muitas empresas desses países teriam dificuldade para alcançar os níveis exigidos, houve a possibilidade de que abatessem parte de suas metas por meio da compra de créditos de carbono – também conhecidos como CER (Certificados de Emissões Reduzidas), por conta de de planos para a reduzir emissões em países emergentes.

A Rhodia, por exemplo, teve direito a partir desse mês a negociar créditos referentes a projetos no Brasil na CCX (Bolsa de Créditos de Carbono de Chicago), entre eles o da conversão de caldeiras de óleo diesel por gás natural em fábricas da empresa em Santo André e em Paulínia. A conversão já foi realizada, mas a empresa não divulgou de quanto foi o ganho ambiental nem qual a possibilidade de retorno financeiro.

A companhia foi a primeira empresa química da América Latina a ingressar no CCX. Como membro pleno, a Rhodia assumiu o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 6% entre 2000 e 2010, de acordo com a regulamentação do CCX.

Além da companhia francesa, outra empresa instalada no Grande ABC aposta está com projeto em vias de ingressar nesse mercado. Trata-se de uma iniciativa da Lara, empresa que opera o aterro sanitário de Mauá.

A companhia francesa investiu R$ 5 milhões para a captação e queima do gás metano (que tem impacto 21 vezes maior que o dióxido de carbono para o efeito estufa) resultante da decomposição de matéria-prima. A usina, recém instalada, inicialmente queima 5 mil m³ por hora do gás, com previsão de chegar a 8 mil m³ por hora.

“Devemos passar pela validação da ONU no final deste mês ou, mais tardar, em janeiro, e depois disso poderemos obter os créditos”, disse a gerente ambiental da Lara Cogeração, Priscila Bolcchi.

A empresa já passou por diversas etapas, da elaboração e aprovação do projeto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e inscrição na ONU. A próxima etapa será a venda em bolsa, que pode ser européia ou a de Chicago, nos EUA.

A companhia, que recebe resíduos de todo o Grande ABC (com exceção de Santo André) e ainda da Praia Grande e São Vicente – são 1,8 mil toneladas por dia –, já fez uma venda antecipada de parte dos créditos. O nome da companhia compradora – um grupo holandês – e também o volume adquirido é mantido a sete chaves.

Além de ser ambientalmente correto e oferecer possibilidades de lucro, o projeto da Lara, em uma segunda etapa, prevê a geração de energia elétrica. A intenção é que a usina tenha capacidade para 10 MW.

China – De acordo com a consultoria Econergy, em 2005, os países ricos investiram US$ 21 bilhões em planos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), de seqüestro de carbono.

O Brasil já esteve na dianteira (em número de projetos) nessa área, mas nos primeiros nove meses de 2006, a China passou a liderar, com 60% desse mercado, seguido pela Índia (15%).



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