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São Bernardo convoca professora morta para trabalhar
Eduardo Merli
Do Diário do Grande ABC
15/02/2003 | 19:33
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A Prefeitura de São Bernardo publicou uma bela gafe em seu diário oficial do dia 24 de janeiro. Na página nove da publicação, a professora Dolores de Toledo de Matteo, falecida em 8 de abril de 2000, foi nomeada (portaria 34284/03) para o cargo de professora de educação básica e ensino fundamental, com carga horária de 30 horas.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a nomeação se referia a um concurso realizado pela Fundação Carlos Chagas, que a professora tinha prestado em 1999, um ano antes de sua morte, e ficou com a colocação 1.154. O concurso expiraria neste mês, e a assessoria informou que não há como o departamento de recursos humanos saber se algum candidato faleceu ou não, a não ser que seja informado por algum familiar. O caso poderia ser um engano justificável se a professora Dolores Toledo de Matteo não fosse tão conhecida na região e tão lembrada pela própria administração.

O diário oficial de São Bernardo do dia 14 de abril de 2000 trouxe uma nota de falecimento da professora; e na publicação do dia 11 de setembro do mesmo ano, foi anunciado um projeto de lei aprovado pela Câmara (lei número 4.900) que homenageava a educadora com o nome de uma escola municipal bastante conhecida no Jardim Industrial. A matéria dispunha sobre a criação da Emeb Dolores de Toledo de Matteo e trazia a biografia da professora.

Dolores nasceu no bairro da Saúde, em São Paulo, em março de 1953. Em 1976, recebeu diploma de Professora de 1º e 2º graus, em São Caetano. Fez o curso de Pedagogia na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Santo André – Fundação Santo André. Em 1975, começou a exercer a docência em caráter voluntário no Mobral de São Bernardo, no qual ficou até 1979. Nesse período, lecionou também em escolas estaduais no Jardim Represa. Ingressou na Prefeitura de São Bernardo em 1978, onde realizou cursos de aperfeiçoamento na área de educação. Foi diretora da Emei Vicente de Carvalho em 1995, da creche municipal da Vila das Paineiras, em 1996, e da creche do Jardim Industrial, em 1997. Depois, trabalhou na Seção de Ensino da Prefeitura de São Bernardo.

A reportagem do Diário descobriu que um outro concurso para o mesmo cargo de professora de ensino básico e fundamental foi realizado em 2002, o que teoricamente anularia o concurso de 1999, já que um não pode ser feito antes de o outro expirar. Mas a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o concurso de 2002 está de acordo com a legalidade quando o outro está para expirar. Só o processo de inscrição, aplicação de provas, divulgação de resultados e homologação demora no mínimo quatro meses. Daí a necessidade de se realizar o concurso um pouco antes do outro expirar, para que não haja a falta de profissionais.




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