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Ex-diretor da Funpat nega informações prestadas por Waldomiro Diniz
19/05/2004 | 23:31
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Jacques de la Saigne Botton, ex-diretor-geral da Funpat (Fundação Parque de Alta Tecnologia de Petrópolis), desmentiu nesta quarta-feira as afirmações Waldomiro Diniz, que dissera que, quando presidiu a Loterj (Loteria do Rio de Janeiro), recebeu da fundação uma complementação salarial de cerca de R$ 8 mil mensais.

Em depoimento à CPI da Loterj e do Rioprevidência, da Alerj (Assembléia Legislativa fluminense), Botton garantiu que, em seu período na entidade, nada foi pago nem a Waldomiro nem a outros diretores da autarquia. Ele lembrou que, por lei, era obrigado a assinar todos os pagamentos da instituição. "Fiquei chocado com o que ouvi, a Funpat garanto que não pagou", declarou Botton, que ocupou o cargo de abril de 2002 a dezembro de 2003.

O ex-presidente da Loterj afirmara à CPI ter recebido pagamentos da Funpat para tentar explicar como, com o salário de R$ 4,5 mil líquidos que recebia na autarquia, morava num apart-hotel no Leblon, na zona sul da capital. Também ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do governo federal, Waldomiro foi demitido desse cargo em fevereiro passado, após a divulgação de um vídeo em que, em 2002, aparecia negociando propina e contribuições de campanha eleitoral com o empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A fita iniciou a maior crise do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Parlamentares da comissão assistiram nesta quarta-feira ao vídeo completo do encontro de Waldomiro com Cachoeira.

Botton explicou que a Funpat tinha um contrato com a Loterj e subcontratava, para prestação de serviços de informática à autarquia, três empresas: Atrium, Microsys e NR Informática. Com o fim da contratação da Atrium - que já trabalhava para a Funpat antes do contrato com a Loterj - foi contratada a Lotus Consultoria e Serviços de Tecnologia. Segundo o ex-diretor-geral, contratos como o da Loterj eram normais e feitos com outras instituições. O ex-diretor não pôde garantir, contudo, que uma das subcontratadas da Funpat para a Loterj não tenha feito pagamentos a Waldomiro.

"Observamos, em todos os depoimentos das pessoas que falaram ter recebido a complementação, que ela existia", declarou o presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV). Um dos relatores, Paulo Melo (PMDB), levantou a hipótese de a Funpat ter sido usada para "esquentar" (dar aparência legal) a dinheiro de outra origem. "Os contratos (da Funpat com a Loterj) são fictícios, são simulações", disse o deputado Paulo Ramos (PDT), espantado com os valores das três ultimas contratações, cerca de R$ 5,5 milhões, em 2003, já no governo de Rosinha Garotinho (PMDB). Botton citou projetos da Funpat, para argumentar que a instituição trabalha seriamente.

Em sessão administrativa, a CPI decidiu que vai prorrogar os seus trabalhos, cujo prazo inicial se encerra no início de junho. Só na próxima semana os deputados decidirão de quanto vai ser a prorrogação. A CPI também resolveu fazer diligências em alguns dos 42 bingos do Estado.

Acareação - Nesta quinta-feira, prestará depoimento à CPI o empresário Carlos Roberto Martins, que teria sido colocado fora do mercado de jogos eletrônicos por Cachoeira. Na próxima segunda-feira, a CPI vai ao Senado, em Brasília, ouvir os depoimentos de Mino Pedrosa, jornalista que prestou consultoria para Cachoeira e foi acusado pelo ex-subchefe de ter ajudado Ramos a chantageá-lo com a fita, e Paulo Wairos, ex-tesoureiro de Geraldo Magela na disputa pelo governo do Distrito Federal em 2002. Wairos é acusado de ter recebido de Waldomiro R$ 100 mil para a campanha. No dia 31, a CPI vai à Assembléia Legislativa de Goiânia, para uma acareação entre Waldomiro e Cachoeira.




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