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Diadema vai combater drogas para reduzir homicídios
Luciano Cavenagui e Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
09/04/2005 | 17:34
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Depois de investir contra o consumo de álcool, Diadema passa a atacar o tráfico de drogas para reduzir mais os índices de homicídios na cidade. Esse é o compromisso número 1 da segunda fase do Plano de Segurança do município, que deve ser implementado a partir de agosto. Tanta preocupação é explicada pelas estatísticas. Segundo a secretária de Defesa Social de Diadema, Regina Mikki, brigas banais aliadas ao tráfico de drogas são responsáveis hoje por cerca de 90% do total de homicídios registrados na cidade.

E o número de assassinatos em Diadema é significativo. Em 2004, a cidade registrou média de 34,5 mortes para cada 100 mil habitantes. A estatística classifica a cidade como a mais violenta da região, um trauma permanente para a população, de 383 mil pessoas.

Apesar dos números ainda altos, a proporção é quase 50% inferior se comparada aos dados registrados em 2001, quando o número de assassinatos em Diadema chegou a 65,79 para cada grupo de 100 mil habitantes.

As possíveis explicações para a redução incluem a implantação da lei seca, em 2002, que determina fechamento de bares das 23h às 6h. Numa pesquisa de campo realizada no ano passado em Diadema, a entidade norte-americana Pire (Pacific Institute for Resourch and Evalution) concluiu que a medida pode evitar, em média, 11 homicídios a cada mês, além de contribuir para a redução da agressão doméstica. Ainda não há dados precisos em relação à influência do tráfico de drogas nas mortes da cidade.

Um dos primeiros passos nesse sentido será identificar os pontos de venda de drogas que existem na cidade, as chamadas bocas-de-fumo. “Para isso, precisamos contar com o comprometimento da população a nosso favor. Quem vive num bairro perigoso, sabe quais são os lugares controlados pelo tráfico. Só que hoje as pessoas não se sentem seguranças para denunciar. Nas audiências públicas, para discutir o plano de segurança com a população, temos a oportunidade de reverter isso”, acredita a secretária de Defesa Social, Regina Mikki.

Os encontros serão realizados entre maio e junho em vários pontos da cidade. “Hoje, suspeitamos que determinado local é um ponto de tráfico de drogas pela característica de crimes que ocorrem ao seu redor. Em geral, são duas ou três mortes violentas numa mesma região num curto espaço de tempo, que caracteriza uma possível briga pelo comando pelo tráfico em determinado local”, afirma a responsável pela pasta de Defesa Social. E não só o tráfico de drogas está na alça de mira do plano de segurança.

Brigas banais – Diadema também pretende fechar o cerco em torno dos crimes banais. São brigas entre amigos, casais, que vez ou outra resultam em morte. Para obter êxito, a Prefeitura pretende intensificar as ações de desarmamento. Desde o início da campanha, no ano passado, foram entregues em Diadema 1,2 mil das 3 mil armas recolhidas em todo Grande ABC. A campanha termina dia 23 de junho e, mesmo que não seja prorrogada pelo governo federal, renderá reflexos com ações similares na cidade.

“As alternativas nesse sentido serão discutidas nas audiências públicas, mas entre as opções estão a realização de campanhas para desarmar as crianças que possuem armas de brinquedo e projetos para conscientizar a população de que não existe arma do bem ou arma do mal. As pessoas precisam entender que nunca estarão seguras ao portarem um revólver, que numa situação extrema poderá ser usado contra ela mesma”, afirma Regina Mikki.

Série – O segundo plano de segurança de Diadema é composto por 15 compromissos que navegam pelas mais diferentes áreas da criminalidade, da exclusão social à violência contra a mulher, passando, é claro, pela redução de homicídios.

A partir de sábado, o Diário passa a publicar uma série de reportagens especiais contextualizando cada um desses tópicos com a realidade do município. Domingo, o alvo das discussões se concentrará no segundo compromisso do projeto da administração, que é a implementação de políticas públicas voltadas à juventude.



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