"Passamos de um período de espera de meses para um de dias", declarou a uma emissora de rádio o general israelense Amos Malka, ex-chefe do serviço de inteligência de Israel. "Dentro de cinco ou vinte dias" deve ocorrer o primeiro ataque, previu o militar.

"Os Estados Unidos não apresentaram ao Conselho de Segurança toda a informação que possuem, não revelaram os documentos mais sensíveis sobre o Iraque", continuou Malka, deixando transparecer que Israel deu aos americanos parte dessas informações.

"O dia 28 de abril será o último aniversário de Saddam Hussein como presidente iraquiano", também disse à rádio o general israelense Amos Gilad, coordenador das atividades militares nos territórios palestinos.

Israel deve ser alvo de um possível ataque de mísseis ou de aeronaves sem piloto iraquianas, caso Saddam Hussein se sinta acossado, afirmaram responsáveis da segurança israelense, citados pela rádio.

Durante a Guerra do Golfo, em 1991, o Iraque disparou contra Israel 39 mísseis Scud com ogivas convencionais que mataram duas pessoas e deixaram centenas de feridos.

O governo israelense já tomou medidas para enfrentar um possível ataque com armas químicas ou biológicas, distribuindo entre a população máscaras de gás e vacinando contra a varíola militares, policiais, bombeiros e equipes de emergência.

Powell acusou na quarta-feira o Iraque de ainda produzir armas químicas, de produzir o vírus da varíola e de utilizá-lo como arma biológica, além de fabricar e armazenar mísseis de longo alcance.

Na terça-feira, o comandante da Força Aérea israelense, Dan Halutz, informou que aumentou o número de unidades em estado de alerta permanente, apesar das possibilidades de um ataque aéreo ou com mísseis iraquianos serem limitadas.

No mesmo dia, os exércitos americanos e israelenses realizaram manobras conjuntas, disparando antimísseis Patriot.

As primeiras páginas das edições desta quinta-feira dos jornais israelenses mais importantes foram dedicadas à iminência da guerra no Iraque após o pronunciamento de Colin Powell.

"Na direção da guerra", é a manchete do jornal Yediot Ajaronot. "O primeiro disparo", informa o Maariv. "Colin Powell não declarou ontem (quarta-feira) guerra ao Iraque. Foi o presidente George W. Bush, em seu discurso de 27 de janeiro sobre o Estado da União, que a declarou. Powell leu ontem a ata de acusação contra o Iraque para a qual já foi pronunciada a sentença", diz o editorial do Yediot Ajaronot.