Passados 33 anos e na véspera do dia do padroeiro, a paróquia de São Francisco de Assis, no bairro Santa Maria, em São Caetano, reviveu na madrugada desta quarta um triste fato ocorrido em 16 de maio de 1968, quando a igreja foi totalmente destruída pelo fogo. Desta vez o incêndio que começou por volta das 3h30 e não teve vítimas foi menos grave. Ele causou estragos nas paredes e no teto da igreja, e destruiu vidraças, cadeiras, ventiladores, plantas e parte da rede elétrica.

Para não cancelar os festejos do aniversário do santo, um exército de fiéis – com cerca de 50 pessoas, além de funcionários da Prefeitura – fazia nesta quarta, desde cedo, a limpeza e a restauração da paróquia.

Os bombeiros chegaram dez minutos após o início do incêndio. Eles acreditam que o fogo tenha sido provocado pelas velas acesas. "Foi um incêndio circunstancial. Teremos de restaurar todo o veleiro atingido e fazer a pintura geral da igreja”, afirmou o padre Vanderlei Nunes, que estima um mês para a reforma.

O estudante Artur Moisés, 24 anos, morador no bairro, foi um dos primeiros a ver o incêndio. “As chamas já estavam altas e saiam pelo vitrô. Dava para se ouvir o estouro das pedras do veleiro que foi queimado. Chamei meu irmão e alguns vizinhos.”

A ministra na igreja Ana Maria Martorelli, 51 anos, disse ter sentido cheiro de queimado de sua casa, vizinha da igreja. “O cachorro começou a latir. Quando saí no portão, vi o fogo saindo da janela da igreja. Como tenho as chaves, corremos para abrir as portas. A fumaça era intensa”, disse.

Pela segunda vez, a imagem original de São Francisco fica ilesa de um incêndio. Em 1968, embora a igreja tenha ficado completamente destruída, a imagem não foi danificada. Dessa vez, ela foi salva porque as fiéis a retiraram do veleiro, onde normalmente fica, para a procissão.

Ela estava no altar para montagem e enfeite do andor. Uma outra imagem menor, de 60 cm, foi colocada na área de velas provisoriamente. O veleiro ficou quase que todo destruído e a imagem, que era escura, foi retirada branca, por causa da ação do fogo. A transformação da cor da imagem fez os fiéis acreditarem em um aviso.

“Eu creio que São Francisco quis nos passar uma mensagem de paz”, afirmou a dona de casa Cleide Cristina da Silva Passarelli, 33 anos, que ao lado da filha e do marido ajudava na limpeza da igreja. A mesma opinião tinha Marli Bete, 45 anos, que desde as 5h30 fazia parte dos voluntários. “São Francisco queimou, mas ele nos passou paz e união”, disse.