Os 25 chefes de Estado e governo da UE (União Européia) se comprometeram nesta quinta-feira, no Palácio de Hampton Court, em Londres (Inglaterra), a combater juntos o problema da imigração ilegal, um fenômeno causado pela fome e miséria nos países em desenvolvimento, como reconheceram.

Em nome de França e Espanha, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, apresentou a seus colegas da UE uma proposta para unificar a política migratória, com medidas como o controle conjunto da fronteira da UE.

A política para frear a imigração ilegal requer "mais Europa, e não menos Europa", disse Rodríguez Zapatero a seus colegas, no momento em que a Espanha é objeto de fortes pressões pela situação de Ceuta e Melilla (enclaves espanhóis no norte da África), por onde tentam ingressar ilegalmente milhares de imigrantes subsaarianos.

A proposta de Espanha e França inclui, além de uma política conjunta da UE, um "maior compromisso com os países de origem por meio de fundos de desenvolvimento", acrescentou a fonte.

Zapatero, sempre em nome de Espanha e França, pediu a seus sócios da UE que seja oferecida uma "ajuda econômica aos países de trânsito, como Marrocos, por meio de acordos de vizinhança" e organizada uma conferência Europa-África sobre imigração.

O presidente francês, Jacques Chirac, afirmou em Hampton Court que para responder ao risco de uma imigração clandestina em massa, os 25 países-membros devem "adotar um enfoque conjunto que concilie a firmeza, o respeito da dignidade humana e a associação com os países envolvidos".

"Devemos fortalecer a proteção das fronteiras externas da União, melhorar as condições de retorno dos imigrantes ilegais e estabelecer uma relação de associação global com os países de origem e de trânsito da imigração clandestina", disse o mandatário francês.

Chirac advertiu que a "Europa não pode se contentar com um enfoque dirigido somente ao problema da segurança, mas que é preciso desenvolver "uma cooperação global" com os países africanos, tema que estará na agenda da próxima cúpula euro-mediterrânea, no fim de novembro, em Barcelona.

Num artigo publicado na quarta-feira pelo jornal britânico 'The Guardian' (esquerda), o primeiro-ministro espanhol havia adiantado que iria propor em Hampton Court uma política migratória conjunta.

"A regulação das condições de ingresso (dos imigrantes) não pode ser responsabilidade exclusiva daqueles que estão perto da barreira", disse Zapatero em seu artigo. "Não estamos diante de um problema unicamente espanhol, mas de problema mundial", afirmou.