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Procurador aponta 'ligações políticas' entre Serra e denunciados
15/09/2002 | 22:47
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O procurador da República no Distrito Federal Luiz Francisco de Souza entra nesta segunda-feira na Justiça Federal com uma ação contra Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, por empréstimos concedidos pela instituição. Também serão denunciados Gregório Marin Preciado e Vladimir Antônio Violi. O procurador passou o domingo em seu gabinete no Ministério Público, tentando concluir o documento de 60 páginas no qual monta o que chamou de "ligações políticas" entre os acusados e o candidato tucano à Presidência da República, José Serra.

O candidato do PPS, Ciro Gomes, nem esperou a denúncia para colocar em prática uma estratégia para tentar desacreditar Serra e recuperar os votos perdidos. "Quem investigar quem está por trás disso, a sociedade dele (Serra) com esse primo afim, esse espanhol Gregório Preciado, quem examinar a conexão dele com Ricardo Sérgio, que foi seu financiador de campanha do Banco do Brasil e comandou a Previ e a mal-cheirosa privatização da Vale do Rio Doce e das Telecomunicações, vai encontrar por que o senhor José Serra não responde ao requisito ético e moral necessário para ser presidente do Brasil", declarou Ciro, depois de participar de um comício em Mogi das Cruzes, sábado à noite. "Isso é a pontinha do iceberg".

À Agência Estado, o procurador disse que a razão principal da ação são os empréstimos concedidos pelo Banco do Brasil e pelo Banespa, quando ainda pertencia ao Estado de São Paulo, às empresas de Marin Preciado, casado com uma prima em primeiro grau de Serra. Os empréstimos foram negociados por Ricardo Sérgio, na época diretor do Banco do Brasil, e por Violi, ex-diretor do Banespa.

Segundo o procurador, Violi foi sócio de José Serra na empresa Consultoria Econômica. "Curiosamente, Serra esqueceu de declarar a empresa à Receita Federal em 1994", disse Luiz Francisco. Em 1995, a sociedade foi desfeita. Ricardo Sérgio, além de ex-diretor do Banco do Brasil, também foi um dos arrecadadores de recursos para a campanha de políticos tucanos, inclusive para a de Serra.

As dívidas das empresas de Marin Preciado com o Banco do Brasil somavam R$ 17 milhões, relativos ao primeiro empréstimo, concedido em 1993, e R$ 57 milhões, liberados em 1995. O empréstimo do Banespa, disse o procurador, foi de R$ 21 milhões para a empresa Gremafer Comercial Importadora. "Nada foi pago ainda", afirmou. Marin Preciado conseguiu em 1998 uma redução do valor da dívida no Banco do Brasil.

Luiz Francisco disse que tentará mostrar a relação oculta de Serra com pessoas que receberam benefícios. A ação, adiantou, mostrará os atos ilícitos cometidos na concessão dos empréstimos e no perdão da dívida. O procurador informou que entregará a ação à Justiça Federal no meio da tarde de segunda e prometeu divulgar a íntegra do documento à imprensa.

O procurador se destacou nos últimos anos pelas inúmeras ações que levou à Justiça contra o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele tentou, por exemplo, evitar a privatização das empresas do Sistema Telebrás e do Banespa. Também foi responsável pela gravação e divulgação da conversa com o ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães, a respeito da violação do painel eletrônico na sessão que cassou o ex-senador Luiz Estevão, na época do PMDB do Distrito Federal.

Defesa - Também antecipando-se às denúncias, a equipe de José Serra agiu rapidamente e, no sábado à tarde, pôs um aviso no site do candidato (www.joseserra.org.br) e no horário eleitoral, informando que "a campanha de José Serra foi alertada por profissionais de diversos órgãos de imprensa que está sendo montada uma farsa em forma de denúncia, a partir de fatos já esclarecidos, com o objetivo de ser explorada no horário eleitoral".

A iniciativa de Serra foi classificada por Ciro em seu site de "inacreditável e acintosa". No texto 'Entregaram o jogo sujo', o candidato ironiza os tucanos dizendo que "o candidato do desemprego e da corrupção passa um recibo completo do papel de grande parte da mídia na campanha do PSDB/PMDB".

Na nota, Ciro pergunta "quais são esses diversos órgãos de imprensa que trabalham, agora comprovadamente, como linha auxiliar de José Serra".




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