Economia Titulo
Açoes no ABC reduzem impacto da globalizaçao
Fabiana Marinello
Da Redaçao
22/06/2000 | 17:39
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As iniciativas, articulaçoes, mecanismos de cooperaçao e instituiçoes criadas no Grande ABC na década de 90 como forma de enfrentar a nova economia mundial foram a melhor maneira de superar a crise que afetou, principalmente, o setor industrial da regiao.

Segundo o assessor para Relaçoes Internacionais da Prefeitura de Santo André, Jeroen Klink, se a regiao nao tivesse agido em conjunto, os impactos da globalizaçao teriam sido muito piores.

A criaçao da Câmara Regional do ABC e as outras iniciativas realizadas para buscar o desenvolvimento regional foram o tema da tese de doutorado em Economia Urbana de Klink - defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sao Paulo (FAU-USP) -, que analisa o novo regionalismo e o papel das cidades-regioes - áreas metropolitanas com mais de um milhao de habitantes que nao têm necessariamente a mesma identidade política e econômica - na economia mundial.

"A nova ordem da economia mundial também repercutiu negativamente na regiao. Mas, se nao houvesse uma reaçao articulada das sete cidades, o grau de desestruturaçao da economia local teria sido muito maior", disse.

Segundo ele, a organizaçao das cidades-regioes é uma das alternativas para a disputa no mercado globalizado. No caso específico do Grande ABC, Klink ressaltou que o novo regionalismo instalado nas sete cidades da regiao apresenta muitos avanços. "Esses avanços referem-se principalmente à consciência que os líderes da regiao vêm obtendo a respeito das fragilidades do tecido econômico da regiao e da necessidade de formular políticas articuladas que facilitem a transiçao econômica."

"Vários exemplos podem ser citados como resultados desse sistema de governance, entre eles as negociaçoes com o governo do Estado, com a Petrobras (visando o projeto de expansao da Petroquímica Uniao), com o governo federal e a busca conjunta de financiamento junto a organismos internacionais e nacionais", destacou.

Entretanto, segundo Klink, apesar de haver açoes em conjunto, nao existe uma administraçao que governe em nome das sete cidades do Grande ABC. "Há um evidente esgotamento das estruturas tradicionais de planejamento das regioes metropolitanas, sem que exista ainda uma proposta clara que possa substituir este modelo", disse.

Klink alerta que, sem a preocupaçao real de todos os atores envolvidos, todas as iniciativas realizadas na regiao poderao simplesmente ser sugadas pela globalizaçao, fazendo com que a regiao se torne um quintal das forças globais.

Além disso, ele ressaltou que o novo regionalismo no Grande ABC, assim como acontece em outras regioes do mundo, tem resultados limitados se nao houver participaçao de outras esferas de governo, seja federal ou estadual. "O novo regionalismo nao é um remédio para todos os males. É fundamental que haja a presença efetiva de um Estado nacional que apóie os esforços locais. As cidades em si nao têm capacidade para resolver uma série de questoes."

Segundo Klink, um dos problemas que a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC enfrentará, por exemplo, será a obtençao de recursos para dar continuidade aos projetos elaborados pelas instâncias de discussao regional. "As propostas de captaçao de recursos têm de passar por várias esferas do governo, o que é uma complicaçao. Nao existe ainda uma estrutura institucionalizada para captar recursos para a esfera regional, por exemplo, por meio de um órgao como a própria agência. O financiamento do novo regionalismo segue ainda o velho padrao de federalismo atual, com todas as limitaçoes das regras do jogo que nós conhecemos."

"Há pontos negativos e positivos na forma com que o novo regionalismo vem sendo implementado. Se por um lado conseguiu-se reunir atores com interesses conflitantes, por outro nao há garantias de que os compromissos assumidos sejam realmente implementados. Apesar de haver acordos, eles sao em caráter voluntarista e informal", disse Klink.

Palestra - As conclusoes do estudo de Klink serao apresentadas em palestra que será realizada na próxima quarta-feira, dia 28, no auditório do Semasa (rua José Caballero, 143, Centro, Santo André), a partir das 10h, em uma iniciativa da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.




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