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EUA alertam aumento do cultivo de coca em países andinos
Da AFP
01/03/2006 | 20:40
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Os Estados Unidos estão preocupados com um possível aumento do cultivo de coca na Colômbia em 2005, e o impacto do Plano Colômbia em Peru e Bolívia, onde o cultivo também aumentou e os cocaleros intensificaram as campanhas para que a luta contra as drogas retroceda.

"A situação na Colômbia é preocupante, porque os traficantes encontraram outras formas de seguir com o cultivo", disse nesta quarta-feira Tony Arias, diretor para as Américas do bureau antidrogas do Departamento de Estado, ao apresentar o relatório anual sobre a luta contra as drogas no mundo.

Na Colômbia, origem de cerca de 90% da cocaína destinada aos Estados Unidos, a fumigação aérea e erradicação manual financiadas por Washington eliminaram mais de 170 mil hectares de folha de coca em 2005, "um ano recorde em erradicação, interdição e extradição", segundo o relatório.

"Os traficantes se envolveram em uma campanha agressiva para voltar a plantar coca no ano passado, que quase igualou o cultivo de coca destruído pela erradicação", afirmou Ann Patterson, ex-embaixadora em Bogotá e atual secretária de Estado adjunta para a luta contra as drogas.

O relatório deu conta de um aumento do cultivo de coca no Peru de 38%, e de um aumento constante do preço da folha de coca, apesar dos esforços do governo de Alejandro Toledo, que ultrapassou no ano passado suas metas de erradicação. "Os cocaleros ficaram mais violentos e estão mais organizados", assinala o documento.

Na Bolívia, apesar do aumento do cultivo de coca pelo quarto ano consecutivo, desta vez de 8%, a situação é de estabilidade, assinalou Arias. Mas segundo o relatório, "a tendência é preocupante". O fato de ter havido cinco presidentes em cinco anos, e o desejo de evitar confrontos violentos com os cocaleros "limitaram enormemente a habilidade do governo boliviano de reduzir contínuos aumentos no cultivo de coca nos Yungas", acrescentou.

A relação dos Estados Unidos com o governo do líder cocalero Evo Morales "dependerá das políticas que ele adotar em uma ampla gama de temas, entre eles o da luta contra as drogas", advertiu.

Arias atribuiu o aumento do cultivo em Peru e Bolívia ao impacto do Plano Colômbia contra as drogas financiado por Washington, um argumento usados por ONGs que se opõem ao mesmo.

O relatório do Departamento de Estado destaca ainda que a Venezuela "é uma rota-chave". Segundo Patterson, o país representa "uma brecha em toda a nossa estratégia antidrogas na América Latina".

Em 2005, o governo do presidente Hugo Chávez cancelou os trabalhos da agência americana antidrogas em seu país, após acusar os agentes de serem espiões, um dos motivos que levaram o presidente George W. Bush a negar à Venezuela a certificação anual de país aliado na luta contra as drogas.

O relatório, que tem dois volumes e quase mil páginas, é definido por Washington como uma enciclopédia do que cada país está fazendo em matéria de luta contra as drogas.




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