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Mercosul fecha acordo sobre regime automotivo
Do Diário OnLine
Com agências
30/06/2000 | 17:32
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O presidentes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acertaram, nesta sexta-feira, durante a 18ª reuniao de cúpula dos Estados do Mercosul, o acordo que estabelece um regime automotivo comum para o bloco. O documento deverá ser assinado em até duas semanas.

O maior impasse para o acordo era a posiçao do Uruguai, que exigia a prorrogaçao do regime de admissao temporária - que permite a importaçao de insumos pelas montadoras com alíquota zero e vencia em 31 de dezembro de 2000. Depois de conseguir a prorrogaçao por cinco anos, o Uruguai aceitou o acordo.

Chile e Bolívia - O presidente Fernando Henrique Cardoso discursou a favor do avanço da liberalizaçao comercial durante a 18ª reuniao de cúpula dos Estados do Mercosul, Chile e Bolívia, que está sendo realizada nesta sexta-feira em Buenos Aires. Ele defendeu o ingresso do Chile no bloco e, posteriormente, da Bolívia.

"Resultado de um longo processo de aproximaçao, a incorporaçao do Chile ao bloco confirma a relevância do Mercosul como instrumento de inserçao revigorada de nossos países no cenário internacional. A presença do Chile agrega peso a essa inserçao", afirmou.

O presidente nao comentou, porém, os aspectos técnicos dessa incorporaçao. Analistas defendem que a entrada do Chile seria inviável, devido às diferenças dos regimes tarifários. Os chilenos trabalham atualmente com uma taxa única de 9% na importaçao, para todos os produtos, e os países do Mercosul trabalham com alíquotas diferenciadas.

Globalizaçao - O presidente Fernando Henrique Cardoso insistiu também na construçao de ``um espaço sul-americano' para enfrentar ``os desafios da economia globalizada'. FHC defendeu um aprofundamento do ``regionalismo aberto' até a próxima reuniao de presidentes da América do Sul, que será realizada em Brasilia, durante o pronunciamento de maior valor estratégico feito nesta sexta ante a XVIII Reuniao de Cúpula Presidencial do Mercosul, Chile e Bolívia.

Segundo ele, a cúpula de Brasília, que será realizada dias 31 de agosto e 1º de setembro, com a participaçao do Brasil e de outros onze presidentes dos países sul-americanos, será uma grande oportunidade para a América do Sul discutir temas que afetam diretamente a regiao; entre eles, o fortalecimento dos sistemas democráticos, o aperfeiçoamento da infra-estrutura física, o combate ao tráfico de drogas, o desenvolvimento da tecnologia da informaçao e a inserçao competitiva das economias no mercado internacional.

Fernando Henrique também destacou que "o Mercosul enfrentou um momento delicado resultante da instabilidade do mercado, do quadro recessivo e de reduçao do comércio - o termômetro mais sensível do processo de integraçao".

No discurso, FHC disse que, depois de passadas as crises econômicas, é preciso retomar com mais ênfase o trabalho para o relançamento do Mercosul. ``Vamos tornar realidade a marca Mercosul', afirmou o presidente. Segundo ele, um aspecto importante do relançamento do Mercosul é a consciência de que é necessária uma estratégia de promoçao comercial conjunta em terceiros mercados. Isso pressupoe, segundo o presidente, ``lutar de forma coordenada pelo maior acesso aos produtos de exportaçao'.

Fernando Henrique anunciou que em setembro serao publicados os indicadores macroeconômicos selecionados do Mercosul a partir de bases harmonizadas de cálculo. ``Esta é uma medida extremamente bem-vinda e deverá consubstanciar o nosso pequeno Maastrich', afirmou o presidente.

Aos que anunciaram o fim do Mercosul, o presidente brasileiro destacou que ``os fatos demonstram o equívoco dessas vozes de Cassandra. Esqueceram-se de que o Mercosul vai mais além de um simples balanço de saldos e débitos, de superávits e déficits".

O chefe de Estado anfitriao, Fernando De la Rúa, ratificou a necessidade de que o Mercosul ``supere uma visao estreita, de curto prazo e fortaleça sua credibilidade', tanto no âmbito interno quanto externo', pois isso -disse- ``contribuirápara reduzir o risco-regiao, atraindo investidores e aumentando as oportunidades de negócios que nos ajudarao a combater o desemprego e melhorar o nível de vida de nosso povo'.

O presidente paraguaio, Luis González Macchi, reclamou ``instituiçoes fortes' e o fim de conflitos tarifários e aduaneiros, com a implementaçao de uma autêntica política comercial comum.

Participam do encontro os presidente Fernando de la Rúa (Argentina), Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Luis González Macchi (Paraguai), Jorge Battle (Uruguai) e Ricardo Lagos (Chile). O chanceler Javier Murillo representa o presidente da Bolívia, Hugo Banzer.

Antes do encontro, De la Rúa manteve uma reuniao protocolar com o representante de Política Externa e Segurança da Uniao Européia (UE), Javier Solana Madariaga. Segundo porta-vozes governamentais, eles teriam dialogado sobre a necessidade de dinamizar o acordo para criar uma zona de livre comércio entre o Mercosul e a Europa.




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