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AmBev: empresa nasce com mais de 30 mil acionistas
Do Diário do Grande ABC
02/07/1999 | 14:39
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A Antarctica e a Brahma detalharam nesta sexta-feira a criaçao da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) que, será uma das maiores empresas de bebidas do mundo. O controle acionário da AmBev é detido por investidores nacionais e a companhia passa a dominar 39% do mercado de bebidas.

O diretor da Antarctica, Victorio De Marchi, informou nesta manha que a rede de distribuiçao das empresas será mantida, separadas, com seus produtos e marcas. "O setor produtivo será unificado até a porta da fábrica", afirma. Sao ao todo 800 distribuidores. Ele informou que a empresa está rompendo a associaçao com a cervejaria americana Anheuser-Busch, fabricante da cerveja Budweiser, que possuía 5% da Antarctica Empreendimentos e Participaçoes. Mas a marca continuará sendo produzida e distribuída no Brasil, conforme previsto.

De acordo com Marchi, o objetivo da associaçao é fortalecer as duas empresas "é ter porte suficiente para competir principalmente nas Américas, aproveitando a eliminaçao de barreiras alfandegárias", diz Marchi. "As empresas têm muito poder de fogo, isoladamente, no Brasil, mas para enfrentar a concorrência no mercado externo é preciso juntar forças para atingir nosso objetivo".

Segundo ele, tanto a Antarctica quanto a Brahma já fizeram investimentos suficientes para ingressar no mercado da América Latina, descartando futuros desembolsos. Marcel Telles, diretor da Brahma, acrescentou que esse tipo de associaçao é uma tendência do mundo.

A empresa nasce com mais de 30 mil acionistas. Os ativos totais, com base em dezembro do ano passado, correspondem a R$ 8,1 bilhoes, ou seja, equivalente a US$ 6,7 bilhoes. O patrimônio líquido é superior a R$ 2,8 bilhoes, cerca de US$ 2,3 bilhoes, e a geraçao de caixa anual, consolidada, é superior a R$ 880 milhoes, ou seja, US$ 730 milhoes. As vendas domésticas das duas companhia somaram, em 98, R$ 10,3 bilhoes, equivalente a mais de US$ 8,5 bilhoes, com uma produçao de 8,9 bilhoes de litros de bebida, sendo 6,4 bilhoes de cerveja e 2,5 bilhoes de litros de refrigerantes, águas, chás e isotônicos.

O acordo firmado entre os acionistas da Antarctica e da Brahma será válido por 10 anos, permitindo a renovaçao imediata. Marchi explicou que o fluxo de caixa das duas empresas será suficiente para manutençao de expansao, o que evitará a captaçao de recursos estrangeiros.

O diretor garantiu que a associaçao nao resultará em aumento de preços. "Apenas 20% da formaçao dos preços sao feitos dentro da fábrica. Hoje, no Brasil, quem determina o preço sao os consumidores", afirma. Pelas suas contas, 1/3 das vendas de refrigerantes e cervejas no Brasil sao feitas pelos supermercados.

Ele disse, ainda, que as outras empresas somam 50 fábricas e que, num primeiro momento, nenhuma delas será fechada. "Só depois de um estudo de logística, faremos alguma mudança", afirma. Ele reafirmou que nao existe nenhum interesse em mudar marcas e produtos. "Essa estratégia é essencial para nossa garantia", afirma.

Açoes - O diretor da Antarctica, Victorio De Marchi, disse que se trata de uma associaçao entre as empresas, e nao aquisiçao. Ele afirmou que a Brahma será dona de 46% das açoes ordinárias, e à Antarctica caberá 23%. "Trata-se de um controle compartilhado. O conselho será presidido por mim e pelo diretor da Brahma, Marcel Telles".

Edital - Marchi anunciou nesta sexta-feira que dentro de 15 dias será formada a composiçao societária total da Ambev, empresa a ser formada com a fusao das cervejarias Brahma e Antarctica. ``Nesse primeiro momento, houve uma migraçao de 74% de açoes de controladores da Brahma para a empresa e de 24% de migraçao dos controladores da Antarctica'. Segundo ele, o edital de convocaçao para que o restante dos acionistas optem pela entrada na empresa deverá sair em 15 dias.

Os controladores da Ambev anunciaram também que a empresa vai centralizar sua atuaçao no segmento de bebidas nao alcoólicas. ``Temos um portfólio interessante de isotônicos e chás. Pretendemos fazer lançamentos de sucos. Também já estamos mantendo conversas com parceiros estrangeiros para o lançamento de uma marca de água mineral, um dos produtos cujo consumo vem crescendo bastante no mercado', afirmou Marcel Telles, presidente da Brahma.

Segundo ele, a empresa centralizará seu foco de atuaçao, em um primeiro momento, nos países da América do Sul. A respeito de uma possível formaçao de Cartel, Telles afirmou que a concentraçao de empresas no segmento de cerveja é normal nos principais países do mundo. ``Nos EUA, suas empresas praticamente dominam o mercado de cerveja. Na Argentina, temos o exemplo da Quilmes, que detém 70% do mercado'.




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