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Projeto Olodum traz oficina a Diadema
José Carlos Pegorim
Da Redaçao
25/04/1999 | 18:54
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Três percussionistas do grupo baiano Olodum vao conduzir a partir desta segunda uma oficina de música com 80 meninos entre 9 e 17 anos da Associaçao Esportiva e Cultura Diadema XXI. A oficina funcionará até 26 de maio no Centro Cultural Okinawa, cujo nome está mais ligado aos arranjos florais de ikebana do que ao batuque do samba- reggae.  

A oficina é a face social do Olodum, explica Billy Arquimimo, 45 anos, coordenador social e cultural do grupo. O projeto foi criado em 1983 para oferecer uma chance de profissionalizaçao no campo da música para as crianças negras pobres do Pelourinho, origem do grupo. Com apenas três patrocinadores, a iniciativa foi trazida para Diadema pelo Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentaçao do Grande ABC).

A Prefeitura entrou com apoio e indicou a Diadema XXI, uma associaçao coordenada pelos ex-monitores da escolinha de futebol do município que fechou por falta de verbas. E a fábrica Contemporânea doa os instrumentos de percussao.  

É a primeira vez que o grupo baiano traz a experiência para fora do Nordeste, onde ela foi exportada do Pelourinho para Teresina e Aracaju. E para fora dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Japao, Noruega, Dinamarca e Argentina, onde também a oficina descobriu talentos entre as comunidades de africanos e seus descendentes. Diadema chega antes do restante do mundo e das outras seis cidades.  

Gilmário Marques de Andrade, 30 anos, André Luiz da Paixao Silva e Ubiratan Santos, ambos de 24 anos, os percussionistas do Olodum, têm 20 oficinas para encontrar entre os meninos aqueles com aptidao natural para o batuque. E vao encontrar o líder que ficará à frente dos outros dando seqüência ao trabalho. Daqui a três meses, um supervisor do Olodum virá a Diadema para ver como vao as coisas.   

Os meninos e adolescentes da Diadema XXI nao sao muito diferentes dos outros que já passaram pelo Régua e Compasso em todo o mundo, diz Arquimimo. "A expectativa é parecida com Teresina, Sergipe, e até com Londres, onde fundamos um bloco de carnaval com imigrantes de Barbados, nigerianos e Trinidad Tobago."  

Sao adolescentes como Juliano Jesus dos Santos, 15 anos, baiano de Iguaí que morou em Salvador até 1997, e veio para Diadema no ano passado. Na 8ª série, microempresário (tem sete máquinas de fliperama num bar), músico requisitado, Juliano acha que tem mais chance com o samba do que com a bola. Carlinhos Brown ensaiava do lado do trabalho da sua mae em Salvador. "Se ele me vir, acho que ainda me reconhece", espera.  

Como Juliano, Nailton Silva Santos, o Leivinha, monitor do campo da Vila Ruyce (do Centro Cultural Heleny Guariba) e um dos fundadores da associaçao, tem outros 100 garotos, talvez com menos dotes musicais, mas bons jogadores de futebol. "A nossa meta é tirar os meninos da rua, e nao o jogador."




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