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Andréia Beltrão volta ao teatro em SP
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
10/04/2003 | 18:37
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Andréa Beltrão e José de Abreu estão às voltas com equações matemáticas. A Prova, do dramaturgo norte-americano David Auburn, estréia nesta sexta no Teatro Faap, em São Paulo, sob a direção de Aderbal Freire-Filho. Emilio de Mello e Gisele Froes completam o elenco, que ficou em cartaz no Rio por sete meses.

A jovem e bonita Catherine (Andréa) é filha do matemático Robert (Abreu), cientista notável que morre esquizofrênico. “Eles faziam matemática juntos. Ela, que abandonou tudo para cuidar do pai, teria herdado a genialidade dele e, talvez, a insanidade também. Robert aparece em flashbacks, na imaginação dela”, afirma Abreu.

O enredo se desenrola em Chicago, onde ela mora e Robert dava aulas. Claire (Gisele), a primogênita do matemático, chega de Nova York para o funeral do pai. Mello interpreta Hal Dobbs, ex-orientando de doutorado de Robert. Catherine diz ao discípulo do pai ter feito uma fórmula matemática revolucionária. Dobbs duvida que ela tenha realizado a prova matemática, opinião compartilhada por Claire. Começam as discussões.

Mas esse não é o único questionamento – o mistério será resolvido no fim da peça, e há momentos em que se dá razão a ela e outros, a eles. “Existem as diferenças de amor das duas pelo pai e uma discussão sobre a capacidade da mulher em campos como a abstração matemática absoluta”, afirma Abreu.

Embora tenha a matemática como tema, a peça trata de relações humanas. “No caso de Catherine e Robert, é uma relação quase incestuosa, um incesto de alma”, afirma Abreu. Catherine e Dobbs, apesar das desavenças científicas, se apaixonam.

O cenário, do português José Manuel Castanheira, é a casa onde Catherine vive, na qual há elementos como uma poltrona puída e uma porta de molas quebradas. “É uma casa velha, bagunçada, quase caindo aos pedaços”, diz Abreu. O espaço representa a cabeça doente de Robert. O carinho da caçula pela casa, que Claire pretende vender, simboliza o apego ao pai.

Indicada para o Prêmio Shell/RJ nas categorias direção, trilha (Marcos Ribas) e atriz (Andréa), A Prova filia-se à estética realista. “Toma-se café em cena, mas sem perder a teatralidade. Não estamos fazendo TV”, afirma Abreu. A fim de compor seu personagem, ele pesquisou numa clínica: “Passei uma semana convivendo com psicóticos”.




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