A jovem e bonita Catherine (Andréa) é filha do matemático Robert (Abreu), cientista notável que morre esquizofrênico. “Eles faziam matemática juntos. Ela, que abandonou tudo para cuidar do pai, teria herdado a genialidade dele e, talvez, a insanidade também. Robert aparece em flashbacks, na imaginação dela”, afirma Abreu.
O enredo se desenrola em Chicago, onde ela mora e Robert dava aulas. Claire (Gisele), a primogênita do matemático, chega de Nova York para o funeral do pai. Mello interpreta Hal Dobbs, ex-orientando de doutorado de Robert. Catherine diz ao discípulo do pai ter feito uma fórmula matemática revolucionária. Dobbs duvida que ela tenha realizado a prova matemática, opinião compartilhada por Claire. Começam as discussões.
Mas esse não é o único questionamento – o mistério será resolvido no fim da peça, e há momentos em que se dá razão a ela e outros, a eles. “Existem as diferenças de amor das duas pelo pai e uma discussão sobre a capacidade da mulher em campos como a abstração matemática absoluta”, afirma Abreu.
Embora tenha a matemática como tema, a peça trata de relações humanas. “No caso de Catherine e Robert, é uma relação quase incestuosa, um incesto de alma”, afirma Abreu. Catherine e Dobbs, apesar das desavenças científicas, se apaixonam.
O cenário, do português José Manuel Castanheira, é a casa onde Catherine vive, na qual há elementos como uma poltrona puída e uma porta de molas quebradas. “É uma casa velha, bagunçada, quase caindo aos pedaços”, diz Abreu. O espaço representa a cabeça doente de Robert. O carinho da caçula pela casa, que Claire pretende vender, simboliza o apego ao pai.
Indicada para o Prêmio Shell/RJ nas categorias direção, trilha (Marcos Ribas) e atriz (Andréa), A Prova filia-se à estética realista. “Toma-se café em cena, mas sem perder a teatralidade. Não estamos fazendo TV”, afirma Abreu. A fim de compor seu personagem, ele pesquisou numa clínica: “Passei uma semana convivendo com psicóticos”.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.