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Seguros de bicicletas de alto valor ganham espaço

Propagação de ciclovias e ciclofaixas estimula
alta de roubos e acidentes, o que eleva demanda

Vinícius Claro
Especial para o Diário
02/10/2016 | 07:29
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Celso Luiz 24/1/16


Com o aumento de ciclofaixas e ciclovias nas grandes cidades, o seguro para bicicletas ganhou fôlego, especialmente para os modelos de competição. E ao contrário das modalidades voltadas para celulares e veículos, que podem chegar até 30% do valor do bem segurado, para bicicletas de competição o valor não passa de 13%.

A Argo Seguros é uma das empresas que realizam esse tipo de serviço. As bicicletas que podem ser seguradas custam entre R$ 3.000 e R$ 65 mil e, suas apólices, portanto, têm valores entre R$ 368 e R$ 3.900.

A gerente de riscos patrimoniais da Argo Seguros, Janete Tani, explica que a escolha pelo segmento de bicicletas de alto valor agregado se dá por ter mais garantias na fabricação. “Esse tipo de bicicleta vem com número de série, com procedência mais controlada. Acreditamos que estender a apólice para as de menor valor não vale a pena no momento.”

Segundo Janete, a empresa já atua há dois anos com o seguro na Capital e no Interior, mas em outubro do ano passado passou a atuar em todo o Brasil. Nesse período já há 7.000 bikes seguradas, sendo 69 no Grande ABC. A expectativa é fechar o ano com 10 mil contratos. Dentro do pacote, os contratantes estão cobertos contra roubos, furtos e acidentes, inclusive a terceiros.

Os seguros crescem impulsionados pelo aumento dos furtos. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, entre janeiro e maio deste ano o número de roubos e furtos aumentou 17% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com Janete, os veículos de alto valor estão na mira dos bandidos. “Os ladrões estão aprendendo a conhecer as bicicletas, buscando saber das marcas, inclusive. Tanto que a gente evita ficar falando nelas, porque acaba chamando atenção. Fato é que eles estão se especializando.”

Além do crescimento dos roubos, Janete aponta que os acidentes também têm aumentado e estimulado a procura pelo serviço. A carteira da Argo, no primeiro semestre, mostra que 53% dos acionamentos do seguro foram por motivo de roubo e furto e, os outros 47%, devido a acidentes.

EXPANSÃO - Janete acredita que a conscientização das pessoas e a infraestrutura das cidades estão passando por adaptações para receber cada vez mais o tipo de transporte de bicicleta. “O tema de Mobilidade Urbana está mais inserido na sociedade. Muitas pessoas estão deixando carros e até mesmo motos em casa para trabalhar de bicicleta.”

No Grande ABC, a Ciclofaixa de Lazer em Santo André, oferecida aos domingos, e a Pedalada Noturna de São Bernardo, realizada às quartas-feiras, estão fomentando as pessoas a pedalarem mais.


Corretor e ciclista idealizou a modalidade

Apesar de estar em crescimento, o seguro de bicicletas de alto valor não existia quando, em 2007, o corretor de seguros e ciclista de Campinas Henrique Better começou a procurar seguradoras para oferecer cobertura à sua bicicleta.

Better não encontrou nenhuma, e pensou em bolar uma proposta e apresentar para as empresas. “Comecei a estudar o mercado, ver estudos com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), com empreendedores. No entanto, as seguradoras não tinham interesse, achavam que se tratava de mercado de alto risco”, afirmou ele, que destacou a maior dificuldade em rastrear as bicicletas, já que elas possuem apenas um número de série.

Após cinco anos de muitas portas fechadas, Better apresentou o projeto para a Argo Seguros, que se interessou, e fizeram um piloto. O primeiro contrato foi assinado em fevereiro de 2013.

O corretor relata que hoje tem feedback muito positivo dos colegas que pedalam com ele na modalidade. “O receio de perder uma bicicleta de R$ 20 mil era muito grande. Então, os treinos eram feitos em percursos menores e geralmente em grupo. Hoje, existe mais flexibilidade, e as pessoas não têm medo de andar sozinhas ou fazer trajeto maior.”

Mesmo considerando o Brasil ainda atrasado no segmento de bicicletas, Better diz que as pesquisas do mercado apontam que, nos próximos cinco anos, o crescimento do ramo será na casa de dois dígitos.
 




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