O Irã alertou segunda-feira a Washington que o emprego de uma linguagem de força poderá, segundo Teerã, radicalizar a posição dos iranianos hostis ao diálogo. “Esperamos que (os norte-americanos) recuperem a razão e não utilizem (contra o Irã) a linguagem da força, que causará o efeito inverso ao esperado”, declarou à imprensa o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hamid Reza Asefi.

“Algumas pessoas (no Irã) acham que o diálogo não serve para nada e se a pressão se tornar insuportável, o campo estará livre para quem é hostil ao diálogo”, insistiu, negando mais uma vez mais as acusações sobre a existência de um programa nuclear secreto em seu país.

Na véspera, o ministro dessa pasta, Kamal Jarazi, afirmou que “as pressões não levarão a lugar algum e só fará prosperar as idéias radicais”. “Isso não é bom para vocês, nem para a região, nem para ninguém”, acrescentou. O ministro indicou que o que esperava dos ocidentais era uma cooperação na construção de centrais iranianas, uma colaboração pouco provável que Teerã, inclusive, colocou como condição para aceitar as inspeções de suas instalações nucleares.

A possível reação dos radicais do regime islâmico é também um dos temores de quem, na administração Bush, é reticente a um endurecimento contra os iranianos. O Irã está submetido a uma pressão crescente dos EUA, que o acusam de estar criando uma bomba atômica por trás de uma fachada de programa nuclear civil.

As suspeitas foram apoiadas pela publicação de um informe da AIEA (Agência Internacional da Energia Atômica), segundo o qual o Irã, que está construindo sua primeira central civil e várias fábricas que devem assegurar a independência de abastecimento de combustível para seus futuros reatores, faltou com suas obrigações para com as instâncias de controle internacionais.