O vice-líder do governo na Câmara do Deputados, Beto Alburquerque (PSB-RS), afirmou  que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou nesta terça-feira ao conselho político que as negociações com os controladores de vôo serão coordenadas pelo comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.

“O presidente não negociou absolutamente nada. Ele determinou que o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) fosse lá. O ministro, diante daquele fato, daquele caos, fez propostas, mas elas não dizem respeito ao governo. No governo, está mantida a hierarquia militar e o comando da Aeronáutica é quem vai negociar”, acrescentou, após participar da reunião.

O deputado referia-se ao acordo fechado na madrugada de sábado para colocar um ponto final na greve dos controladores de vôo, que causou transtornos para passageiros em todo o Brasil. Na ocasião, Bernardo se comprometeu a rever salários, criar um plano de carreira para a categoria e começar a discutir a retirada da função da área militar.

O ministro também aceitou cancelar todas as transferências de operadores para outras cidades feitas nos últimos seis meses, que eram vistas pela categoria como uma forma de retaliar os grevistas.

Questionado se essa mudança poderia provocar novos problemas nos aeroportos, Albuquerque disse que é melhor correr riscos que quebrar hierarquias “e dar chance para que as pessoas, mesmo de farda, imaginem poder estar ao arrepio da lei ou da Constituição”. “Isso é inaceitável sob qualquer tipo de condição. O fato é que não podemos admitir no Brasil controladores descontrolados e sem comando”.

Sobre o fato de o governo ter dito que os controladores não seriam punidos, o deputado afirmou que “quem veste farda no Brasil ou em qualquer lugar do mundo sabe que insubordinação, amotinamento e recusa de cumprimento de tarefas têm regras próprias”.