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Perito troca acusações com reitor da Unicamp
Do Diário OnLine
28/02/2001 | 21:12
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O foneticista Ricardo Molina de Figueiredo e o reitor da Unicamp, Hermano Tavares, trocaram acusações nesta quarta-feira. O perito, que foi demitido no dia 22 da instituição, acusou o reitor de impedir a retomada da perícia para a investigação de desaparecidos políticos entre a 1.047 ossadas encontradas em uma vala clandestina no cemitério de Perus, em São Paulo. Segundo Molina, o reitor interferia na elaboração de laudos a fim de atender a interesses políticos na universidade.

Molina apresentou a denúncia em resposta às acusações que resultaram em sua demissão por justa causa. A reitoria informa que ele foi demitido por irregularidades administrativas. Molina teria usado verba pública para comprar bebida alcóolica, caviar e uma passagem aérea para a Europa com o dinheiro da instituição.

No final da tarde desta quarta, o reitor divulgou uma nota rebatendo as acusações do ex-funcionário. Ele nega ter elaborado laudos com interesses políticos e considera as denúncias como meras conclusões de Molina. A nota não comenta a denúncia de que o trabalho para identificação das ossadas de Perus foi proibido.

Segundo o perito, o trabalho, que revelaria supostas irregularidades nas perícias feitas pelo médico legista Badan Palhares — que fez os primeiros exames nas ossadas —, foi suspenso em 1999. As ossadas foram transferidas no final do ano passado para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.

O perito disse ainda que seu laudo sobre o massacre de Eldorado de Carajás também provocou reações da reitoria. No documento, o perito concluiu que os trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foram atingidos pelas costas por armas de grosso calibre. Isso contraria o primeiro laudo emitido pela Unicamp e assinado por Badan Palhares.

Além disso, ele também cita o caso da morte do empresário Paulo César Farias, o PC, e sua namorada, Suzana Marcolino. Molina disse que sua versão contraria a de Palhares, de que Suzana assassinou PC e, em seguida, cometeu suicídio. O perito diz que a trajetória da bala não é compatível com a altura de Suzana.

Segundo a nota da reitoria, cada trabalho feito pela perícia da instituição é analisado pela Comissão de Supervisão de perícias, que é composta por três docentes e um procurador da Universidade. O reitor ainda diz que o perito foi demitido segundo uma indicação da Comissão Processante Permanente (CPP), que apurou denúncias de irregularidades envolvendo o docente.




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