Enquanto o exército retira os destroços e planeja a ‘reconstrução’ de Nova Orleans, milhares de moradores voltaram para inspecionar suas casas e tentar recuperar bens perdidos no desastre. Equipes de resgate continuam a procura de vítimas presas nos escombros. O balanço oficial de mortos é de 218, 152 só no Mississippi, o estado mais afetado. Em Nova Orleans foram confirmadas 59 mortes.

As forças militares americanas que colaboram nos esforços de reconstrução, após a passagem do furacão Katrina, superam nesta terça-feira 54 mil homens, enquanto mais tropas chegam à Louisiana e Mississippi.

”O número de homens em serviço ativo aumentou para 16.053”, disse o major Donald Langley, porta-voz do comando norte. “Marinheiros e outros militares a bordo de navios na área somam 8.131 homens, enquanto os soldados da Força Aérea na região chegam a 2.601”.

Inundações- O exército americano conseguiu reforçar, durante a passagem do furacão Katrina, um dique em um canal de Nova Orleans que ameaçava se romper, evitando assim inundações duas vezes mais graves. Segundo o coronel Douglas Mouton, se a tentativa do exército de reparar a margem oeste do canal da rua 17 fracassasse, a água teria invadido o condado de Jefferson, nos subúrbios de Nova Orleans, inundada em 80% devido a uma brecha na margem leste do mesmo canal.

As revelações foram feitas depois do corpo de engenheiros ter reparado, na noite de domingo, a brecha de 60 metros, o que permitirá iniciar o bombeamento de água. "Havia um ponto frágil em um dique que constituía uma brecha potencial", afirmou o coronel Mouton. O oficial acrescentou que o volume de água que invadiu Nova Orleans teria sido o "dobro" caso o dique tivesse cedido e inundado o condado de Jefferson.

Os soldados se posicionaram sobre o cais assim que o furacão Katrina começou a afetar a cidade, há uma semana, e utilizaram dispositivos para executar terraplanagens e sustentar a terra contra o dique com o objetivo de estabilizá-lo. Depois da passagem do Katrina, o dique cedeu, inundando o condado de Orleans, que fica abaixo do nível do mar e do nível do lago Pontchartrain, ao noroeste da cidade.

A operação, executada cinco dias mais tarde para reparar o dique, consistiu em posicionar pilares na brecha, ao mesmo tempo em que helicópteros Chinook depositavam centenas de bolsas repletas de areia, cimento e pedras.

"As equipes de emergência estão bombeando água do canal para fazê-la passar ao lago Pontchartrain, que está vinculado ao canal", acrescentou o oficial.

Os engenheiros precisarão entre 36 e 80 dias para retirar a água da cidade, retirar os escombros e limpar o lixo arrastado pelas águas.

Muitos analistas afirmaram que os acontecimentos que afetaram a cidade haviam sido previstos há anos em estudos universitários e trabalhos da imprensa local. Alguns altos funcionários locais acusaram o governo em Washington de ter reduzido o orçamento que poderia ter sido utilizado para fortalecer as defesas da cidade contra as inundações.