Depois de seis meses em expansão, a capacidade de o consumidor honrar pagamentos atrasados subiu. Indicador de inadimplência da Serasa Experian caiu 3% em setembro, comparado a agosto. Quando se analisam débitos não quitados do mês passado contra setembro de 2010, o índice subiu 23,3%. Apesar disso, o ritmo de crescimento nessa comparação ocorre de forma menos acentuada do que em agosto contra o mesmo mês do ano passado, de 29,3%. Nos nove primeiros meses contra 2010, o índice aumentou 23,4%.

Para o assessor econômico da consultoria Carlos Henrique de Almeida, o consumidor colocou o pé no freio para compras no fim deste trimestre. E, com a antecipação do 13° salário dos aposentados, o dinheiro extra foi usado para quitar dívidas vencidas. O cenário de redução das dívidas é reforçado pela liberação, no dia 17, de lote de restituição do Imposto de Renda, e pela queda da Selic (juros básicos, hoje em 12%). A baixa nos juros tende a mostrar resultados mais firmes a partir de dezembro, pondera Almeida. Tanto que a previsão é de que o governo estimule o consumo interno para contornar os efeitos da crise.

A menor quantidade de dias úteis em setembro (21) frente a agosto (23) também ajudou a cortar o indicador.

Apesar de a conjuntura indicar novas baixas dos calotes, via pagamento do 13° salário, o cenário dos débitos não pagos tende a superar o balanço de 2010. "Iremos fechar 2011 com crescimento das dívidas em relação ao ano passado", sustenta o economista. Ele justifica que o início do ano, com a inflação ficando ainda maior, comprometeu a capacidade de o consumidor pagar dívidas. E esse resultado tem peso maior na cotação do indicador até dezembro.

Além disso, no fim do ano os bancos devem antecipar, na avaliação de Almeida, uma queda nos juros, para fisgar o cliente para o Natal. "Já notamos que há algumas linhas de financiamento com reduções nas alíquotas", frisa. Ele indica que o dilema será baixar os índices de inadimplência e manter o crescimento econômico para o ano que vem, expansão que deve ser ajudada com estímulos ao mercado interno.

Especialista alerta sobre alta nas dívidas em 2012

Daqui a três meses o cenário das dívidas deve subir. É o que prevê o economista da Serasa sobre a inadimplência em 2012. Ele destaca que, hoje, não é um bom momento para contrair despesas, e que o 13° salário é opção para pagar contas atrasadas.

A expectativa é de manutenção nas taxas de desemprego, de 6% neste ano e 6,5% para 2012. Mas o quadro econômico para o próximo ano, cuja expectativa é de expansão de 3% a 4%, indica que os trabalhadores não irão ver repetidos os fortes reajustes que seus salários tiveram neste ano. "Teremos mais impactos da crise global, e a renda não deve crescer. Nos acordos coletivos talvez não se ganhe os mesmos índices negociados neste ano." Porém, balanço da Serasa diz que as dívidas não bancárias tiveram queda nos valores em setembro ante esse mês em 2010.