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Gerald Thomas mostra texto inacabado em festival
Do Diário do Grande ABC
21/03/2000 | 16:55
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Mais uma vez Gerald Thomas provoca polêmica. Desta vez foi na estréia de "Coro e Camarim", que abriu segunda-feira a segunda semana de programaçao do 9º Festival de Teatro de Curitiba. Antes de o espetáculo começar, o diretor subiu ao palco para avisar que o público estaria diante de um trabalho inacabado. "O texto só ficou pronto na segunda-feira passada e vocês vao ver o que acontece quando alguém é pressionado pelo tempo", disse Thomas. "O espetáculo é uma homenagem a grupos como Asdrúbal, Living Theatre, Open Theatre e todos aqueles que trabalham com a imprecisao." O discurso foi curto, "porque o espetáculo fala por si", concluiu.

Thomas realmente nao chegou a criar um espetáculo e decidiu levar uma brincadeira trash ao palco. Parte do público riu e houve quem aplaudisse de pé. Mas o resultado ficou longe da qualidade de alguns trabalhos dos citados grupos de criaçao coletiva da década de 70 e, pior, ficou a anos-luz das peças de um Pirandello de "Esta Noite se Improvisa".

Frases como "esses padres imbecis dessas igrejas imbecis querem controlar nossos cérebros para nos fazer deixar de pensar que somos seres em evoluçao" preencheram todo o primeiro ato. No segundo, num falso improviso, os atores interrompem o espetáculo com a desculpa de que Gerald teria parado de escrever ali e começam a discutir o próprio processo de "criaçao" da companhia.

O assunto central da discussao era o diretor, seus casos de amor com suas atrizes, a relaçao de "idolatria e cama" que desperta. "É uma situaçao pirandelliana", disse um dos atores. Fosse uma companhia amadora seria apenas um espetáculo patético.

Como Thomas nada tem de amador, uma das atrizes disse em cena que o motivo de eles "estarem pagando aquele mico no palco" vinha do fato de Vitor Aronis, um dos diretores do festival, nao ter pago o cachê combinado. Foi o suficiente para desviar a polêmica do palco para os bastidores. Na saída do teatro, a imprensa cercou os diretores para falar sobre isso. "Nao vá alimentar essa polêmica", dizia Aronis ao indignado sócio Leandro Knoplfholz. "Nao é uma questao de polêmica, ele mentiu", retrucou o outro. "Todo ano ele faz tudo sempre igual", parodiou Vitor Aronis. "Gerald foi o único que recebeu com antecedência parte do cachê, pago normalmente depois das apresentaçoes, porque disse estar precisando de dinheiro para a montagem",esclareceu Aronis, que nao gostou do espetáculo. "Ele trouxe qualquer coisa."




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