Economia Titulo
Crescimento americano cai pela metade
Da AFP
30/01/2004 | 23:04
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O crescimento da economia americana sofreu forte desaceleração no quarto trimestre de 2003. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 4% nos três últimos meses do ano passado, porém o aumento do período anterior foi de 8,2%. A diferença de resultado teria sido causada pela desaceleração dos gastos do consumo.

"Está abaixo das expectativas, mas ainda assim é um crescimento relativamente forte", avalia John Lonski, economista-chefe da agência Moody's.

O analista destaca que o ritmo de um bom crescimento sem inflação fica em torno de 3,2% e que o PIB americano ultrapassou esta cifra no quarto trimestre.

"Isto indica talvez que a economia perdeu um pouco do vigor, mas nós saímos de um trimestre muito forte", destacou, por sua vez, Sal Guatieri, do grupo financeiro BMO.

A Casa Branca comemorou este número analisando-o como "uma nova prova de que o crescimento econômico continua forte", segundo seu porta-voz Scott McClellan.

A retomada do crescimento é de fato uma grande preocupação do presidente George W. Bush, que deseja se reeleger em novembro e vê a persistência do desemprego como um empecilho aos seus planos.

O desaquecimento do quarto trimestre pode ser explicado por uma pausa nos gastos do consumo, que cresceram apenas 2,6%, em comparação com os 6,9% do período anterior.

Entretanto, Lonski destaca que este "desaquecimento", marcado principalmente por uma queda das vendas de automóveis, está de acordo com as previsões.

O consumo foi sustentado no verão por um conjunto de fatores excepcionais que incitaram os gastos - cheques de devolução de impostos, promoções de carros e taxa de empréstimos muito baixa - cujo efeito se atenuou no final do ano.

Na mesma tendência, os investimentos em moradias diminuíram a queda, passando de um crescimento de 21,9% a 10,6%, mas também se mantiveram em um patamar alto.

Os consumidores parecem de fato estarem animados ainda, como indica o índice de confiança da Universidade de Michigan, que passou de 92,6 pontos em dezembro a 103,8 pontos em janeiro.

As despesas públicas também deram sinal de moderação, ficando praticamente estáveis, caindo 1,6% em relação aos gastos com defesa.

Apesar de não serem espetaculares, as informações mostram evoluções interessantes, como a redução do déficit comercial pelo segundo trimestre consecutivo.

"É a primeira vez que isto acontece desde 1995. A desvalorização do dólar começa a acelerar a economia americana", opina Lonski.

"Todos os elementos-chave contribuem para o crescimento, o que sugere que a retomada do crescimento ficou mais equilibrada", afirmou Anthony Karydakis de BankOne.

As empresas parecem assim sair de uma grande depressão pós-2000. Seus investimentos aumentaram 6,9% pelo terceiro mês consecutivo, o que traduz um aumento da confiança.

O índice de atividade industrial na região de Chicago, publicado nesta sexta-feira, confirma este dado, estabelecendo-se no nível mais alto em dez anos, 65,09 pontos.

A inflação continua muito baixa, cerca de 1,1%, o que significa que as taxas de juros devem continuar baixas por um bom período e sustentar o consumo nos próximos meses.

"Esta notícia não foi tão abaixo das expectativas e não exige uma revisão para baixo das previsões para 2004", garante Lonski, que prevê um crescimento superior a 4,5% em 2004, depois dos 3,1% de 2003.




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