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Histórico do seqüestro de Celso Daniel III
Do Diário do Grande ABC
26/01/2002 | 18:33
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continuação

22 DE JANEIRO (TERÇA-FEIRA)

às 10h41, o petista João Avamileno, eleito vice de Celso Daniel, assina o livro de posse e assume oficialmente a Prefeitura de Santo André: “Nossa equipe continua a mesma e nossos projetos e planos, também”;

após a posse, em entrevista coletiva, Avamileno diz que o empresário Sérgio Gomes da Silva, principal testemunha do seqüestro de Celso Daniel, ainda não tinha sido procurado pelas autoridades de Santo André para prestar informações;

laudo do IML informa que Celso Daniel foi torturado por seus seqüestradores; notícia choca os líderes do PT;

prefeitos petistas da região reforçam seus esquemas de segurança;

o presidente Fernando Henrique recebe Lula no Palácio do Planalto e ambos discutem a questão da segurança no país;

cúpula petista se divide no que diz respeito à defesa da prisão perpétua;

às 16h, o empresário Silva prestou depoimento na 1ª Delegacia do DHPP, em São Paulo; o trabalho da polícia se prolongou por seis horas;

Silva é inserido no Programa de Proteção à Testemunha do Estado;

a MMC Automotores do Brasil S.A., representante da Mitsubishi, descartou a hipótese de a Pajero de Silva ter sofrido qualquer tipo de problema (o câmbio e o sistema de trava das portas estariam funcionando perfeitamente);

no fim da noite, polícia divulga retrato falado de um dos seqüestradores com base nas informações fornecidas pelo empresário;

na primeira página do Diário a manchete informou 100 mil no adeus a Celso Daniel e, no editorial, Em busca da paz, o jornal destaca a gênese de um movimento nacional pelo fim da violência e destaca o papel da região nesse processo: “O Grande ABC tem o dever de intervir nesse debate e fazer ouvir sua voz. Por sua importância histórica, econômica e política, a região tem de liderar a discussão e garantir a transformação do país”;

23 DE JANEIRO (QUARTA-FEIRA)

ainda como desdobramento do assassinato de Celso Daniel, o governador Geraldo Alkmin apresenta novo pacote antiviolência;

Delegacia de Ordem Política e Social da Polícia Federal abre inquérito para investigar implicações políticas no seqüestro seguido de morte do prefeito;

DHPP volta a ouvir o empresário que acompanhava Celso Daniel na noite em que foi seqüestrado;

Movimento dos Artistas Cidadãos reuniu cerca de 600 pessoas no Teatro Municipal de Santo André para discutir propostas de combate à violência;

às 22h30 começou a reconstituição do seqüestro do prefeito com a participação do empresário Sérgio Gomes da Silva;

o novo secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, confirmou que foi constatada a troca de roupas do prefeito;

o mesmo secretário, durante coletiva concedida pelo governador, informou que dois suspeitos do assassinato de Celso tinham sido presos em Poços de Caldas (MG); mas foi um engano – e também o primeiro deslize do novo secretário;

IML diz que Celso Daniel foi torturado antes de morrer foi a manchete do dia no Diário; na mesma edição, um grupo de 25 entidades que representam segmentos diversos da sociedade na região e no Estado, lamenta, em anúncio de página inteira, a morte de Celso Daniel, proclama-se indignado e ressalta a sensação de impotência da população; no manifesto, o grupo clama: À Frente, Grande ABC! Basta de Violência!;

24 DE JANEIRO (QUINTA-FEIRA)

reconstituição do seqüestro termina às 3h;

Sérgio Gomes da Silva concedeu entrevista exclusiva ao Diário e admitiu que pode ter se enganado em relação aos problemas (relacionados por ele) com sua Pajero na noite do seqüestro; disse que não acreditava em vingança e que não encontrava motivos para o assassinato do prefeito;

cerca de 1,5 mil pessoas participaram em Campinas de protesto contra os assassinatos de Celso Daniel e Antônio da Costa Santos, o Toninho (prefeito de Campinas morto em 10 de setembro do ano passado); João Avamileno participou da manifestação;

Polícia Civil seguiu para Miracatu, cidade próxima de onde foi encontrado o corpo de Celso, para investigar uma casa que teria sido usada como cativeiro; lá, encontraram um colchonete e camisas sujas de sangue;

agentes da Polícia Federal, autorizados pela Justiça, realizam busca no apartamento de Celso Daniel; o trabalho da polícia começou por volta das 17h e foi concluído às 21h;

Alckmin promete colocar mais 12 mil policiais nas ruas foi a manchete de quinta-feira do Diário; no editorial, Medidas de palanque, destaca-se o sentimento de frustração da população em relação ao pacote do governador: “O que se esperava em momento tão desesperador como este era algo muito mais forte que uma série de decisões burocráticas”;

25 DE JANEIRO (SEXTA-FEIRA)

“A morte de Celso não ajuda ninguém”; a frase, dita pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, é parte da entrevista exclusiva concedida ao Diário e que serviu de manchete para a edição do dia;

missa de sétimo dia de Celso Daniel, realizada na igreja São Domingos, em São Paulo, foi celebrada por Frei Betto e, além de familiares e amigos, reuniu cerca de 500 pessoas o religioso, em determinado momento, disse que conheceu poucas pessoas tão ponderadas e competentes quanto Celso;

na Prefeitura, o prefeito Avamileno recebeu solidariedade da bancada de sustentação (18 dos 21 vereadores) na Câmara; empresários e representantes de entidades comerciais do Grande ABC e de São Paulo também participaram;

reunião entre a cúpula das polícias Federal, Civil e Militar, na sede da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, determinou a criação de uma Força-Tarefa para coordenar a apuração das informações colhidas ao longo da semana sobre o seqüestro e morte de Celso;

o senador Suplicy afirmou que um de seus assessores recebeu telefonema de uma pessoa que disse ter informações sobre as mortes dos dois prefeitos petistas (Toninho e Celso); o homem, segundo Suplicy, pertenceria a uma quadrilha ligada a empresas de transporte supostamente liderada por um juiz do Rio;

o deputado federal José Genoíno informou que a Comissão da Executiva Nacional do partido irá se reunir em regime de urgência na próxima segunda-feira (dia 28) a fim de divulgar um novo pacote de ações capaz de impedir que a imagem de Celso Daniel seja “manchada por dossiês”; “Querem transformar Celso Daniel de vítima em réu”, afirmou Genoíno;

quebra de sigilo bancário de Celso Daniel foi desmentida pela assessoria de imprensa do juiz titular da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal; foi concedido apenas (quinta-feira, dia 24) mandado de busca e apreensão ao apartamento do ex-prefeito;

à noite, investigadores da Polícia Civil de Taboão da Serra encontraram o local que teria servido como cativeiro do prefeito Celso Daniel, um sobrado em Embu das Artes onde também estava o Santana azul marinho supostamente usado pela quadrilha para o seqüestro de Celso; dentro do carro, com sinais de batidas na lataria, foi encontrado um envelope com o timbre do restaurante Rubayat; no porta-malas, a polícia encontrou fios de cabelo branco que poderiam ser do prefeito assassinado.




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