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Basf aprova redução da jornada de trabalho
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
25/05/2010 | 07:35
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Os trabalhadores da Basf de São Bernardo aprovaram ontem em assembleia a proposta para reduzir a jornada de 42h para 36h27 semanais. O acordo inclui os setores Fábrica 1 e Suvinil, produção, laboratório e logística, que se juntarão com os da Resina e da Segurança Patrimonial - que já possuem jornada menor.

Com o acordo, o Sindicato dos Químicos do Grande ABC conquista a menor carga horária da região, com 100% das empresas com média de 37 horas semanais.

Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, Sociais e Estatísticos), o setor químico representa hoje cerca de 35 mil trabalhadores no Estado. No entanto, diferente da indústria farmacêutica - que conseguiu a redução por meio de convenção coletiva -, a categoria conquistou apenas acordos, fechados diretamente com as empresas.

"Uma das primeiras que nos concedeu a redução foi a Colgate, em meados de 1998. Na época, foi criado um novo turno, e cerca de 345 cargos para poder atender a demanda. O acordo é renovado a cada dois anos", conta Wanderley Salatiel, diretor do Sindicato dos Químicos.

Assim como na Colgate, a redução da carga horária dos cerca de 1.300 trabalhadores da produção da Basf, deve gerar, de acordo com a entidade, 100 novos postos de emprego inicialmente, com a propabilidade de aumentar ainda mais o número de vagas nos próximos meses. "A fábrica fez estudo sobre o assunto e analisou a demanda. Serão necessários 25% a mais de funcionários, cerca de 325 vagas para suprir o setor de tintas", afirma o diretor do sindicato Fábio Lins.

Apesar da expectativa, a Basf alega que serão criadas 45 novas vagas "que podem sofrer acréscimo quando o modelo estiver totalmente implementado em janeiro de 2011". A luta pela diminuição da carga durou cerca de três anos.

A carga dos trabalhadores da Basf acompanhará a das empresas do Pólo Petroquímico com seis dias ininterruptos de trabalho e três seguidos de folga. O secretário de Trabalho e Renda de Mauá, Edílson de Paula, que é ex-funcionário do setor químico diz que a decisão representa grande vitória para a classe. "O setor conquistou a jornada menor pela especialidade do trabalho e pelas condições da jornada", avalia ele, que também é ex-presidente Estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CNQ (Confederação Nacional dos Químicos).

LUTA CONJUNTA
Mesmo com a conquista da classe químico-farmacêutica, grande parte dos trabalhadores brasileiros ainda aguardam a possível votação do projeto que estipula carga máxima de trabalho em 40 horas semanais. Hoje, 100% das montadoras já possuem a jornada. De acordo com dados do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, 70% dos trabalhadores do setor têm tempo de serviço inferior as 44 horas. "Temos acordos conquistados com empresas, mas ainda falta muito", alerta Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano.s


Funcionários concordam com 3,8 salários como pagamento de PPR

Na mesma assembleia, ontem, os 1.300 trabalhadores das Basf de São Bernardo aprovaram também novo acordo de PPR (Programa de Participação nos Resultados de 2010) que garante 3,8 vezes o valor do salário de cada trabalhador caso as metas da empresa sejam atingidas. "Foi um bom acordo principalmente porque no começo das negociações, previa-se só um salário", afirma o diretor do Sindicato dos Químicos Fábio Lins.

O sindicalista atesta ainda que a Basf é uma das maiores empresas químicas da região e, com o aquecimento do mercado econômico, o valor do PPR pode aumentar. No entanto, não fixa prazos. "Temos outras empresas no Pólo Petroquímico que pagam valores mais atrativos. Aprovamos a proposta, mas, tendo em vista o crescimento econômico e da empresa, negociaremos valores melhores."

Segundo a entidade, o último acordo garantiu o pagamento de 2,5 vezes os salários aos servidores da empresa. Apesar da decisão, o sindicato ainda negociará as metas a serem atingidas diretamente com a diretoria da companhia."As metas são negociadas a partir de agora e varia de acordo com a cada unidade de negócio. Achamos que as metas a serem negociadas foram bem, o valor pago em 2010 pode chegar mais próximo do 3.8 salários", completa Lins.




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