O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou nesta quinta-feira, após almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Roberto Requião (PMDB-PR), que a reforma ministerial não tem data marcada para acontecer. Dirceu destacou ainda que a mudança acontecerá de uma só vez. Ou seja: não haverá outra 'minirreforma' em abril, quando os candidatos às eleições municipais deverão abandonar os cargos públicos para se dedicar totalmente às campanhas eleitorais. "Não há ministros candidatos", respondeu Dirceu, ao ser perguntado sobre os planos de Anderson Adauto (Transportes) para concorrer à Prefeitura de Uberaba (MG).

Lula não tem pressa para concretizar a reforma. O ministro explicou que o presidente não estabeleceu um prazo para a troca de ministros porque seria obrigado a cumpri-lo. "E ele não quer (prazos), pois quer fazer a reforma de maneira tranqüila", explicou Dirceu, que fez questão de frisar que as discussões sobre a reforma ministerial não estão paralisando a máquina administrativa.

José Dirceu contou que a reforma ministerial agora está exclusivamente nas mãos do presidente Lula. Segundo descrição dele, há dois caminhos a escolher: uma reforma política (que envolve trocas de cargos de acordo com os partidos) ou uma reforma mais profunda (que inclui mudanças na forma de administração das pastas).

"Fizemos uma longa reunião ontem (quarta-feira), temos conversado a todo momento. Mas agora a hora é do presidente. Ele deve tomar a decisão assim que se considerar em condições."

José Dirceu explicou que as negociações com os partidos políticos já aconteceram e que Lula conhece as posições das legendas que integram a base aliada. "Por delegação do presidente, nós temos conversado com os partidos, com as lideranças do governo, e estamos aguardando que ele nos convoque novamente."

O ministro destacou especialmente os casos de PTB e PP, que "deixaram o presidente totalmente à vontade para tomar a decisão que ele considerar mais adequada". O PP reivindica um ministério em troca do apoio da bancada no Congresso, formada por 51 deputados, mas só ganhará a direção de uma empresa estatal. O PTB já está contemplado na pasta do Turismo e não deve ampliar seu espaço.

Sobre o PMDB, que deve ganhar os Ministérios das Comunicações e da Previdência, Dirceu evitou comparar a possibilidade da ocupação de duas pastas com a 'importância' da legenda dentro do governo.

Sobre a unificação dos programas sociais e a criação do 'superministério' para coordenar a área, José Dirceu lembrou que a decisão já está sendo implementada.

O presidente queria nomear Ciro Gomes para esse novo ministério da Ação Social, mas ele teria dito que prefere a Integração Nacional. O cargo, portanto, deve ficar com um petista. Se Ricardo Berzoini for o escolhido para a área social, o Ministério da Previdência ficará mesmo com o PMDB. O nome do senador Maguito Vilela (PMDB-GO) era apontado nesta quinta-feira como opção forte para a Previdência. O PMDB de Goiás foi o primeiro a apoiar a candidatura Lula, ainda no primeiro turno das eleições.

Mal necessário - O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse que falou "muito pouco" sobre política no almoço com Dirceu e Lula. Requião contou que pediu o apoio do governo federal para que o Paraná seja declarado área livre de transgênicos. Sobre a estatização dos pedágios nas estradas paranaenses, Requião avaliou que a medida não vai prejudicar a entrada de investimentos no país – opinião que foi reforçada pelo ministro José Dirceu.

Sobre a reforma ministerial, Requião contou que disse a Lula que "é doloroso" fazer mudanças, mas ressalvou que elas são necessárias em muitas ocasiões, pois os interesses do Brasil têm de vir acima de tudo.