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Crise na base: Lula diz que Senado não tinha motivos para rejeitar MP
Do Diário OnLine
27/09/2007 | 17:00
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, após se reunir com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, que o Senado não tinha motivo nenhum para derrubar a MP (Medida Provisória) que criava a Secretaria Especial de Planejamento Estratégico, que era comandada pelo ministro Mangabeira Unger e já contava com cerca de 700 funcionários contratados em cargos comissionados.

O veto só aconteceu devido a uma ‘rebelião’ promovida pelo PMDB, partido que possui a maior bancada na Casa. A legenda está descontente com a demora do poder Executivo em nomear peemedebistas para cargos de segundo escalão do governo.

Por isso, daqui para frente, Lula deve se aproximar ainda mais do PMDB e atender aos desejos da sigla. O chefe de Estado teme que o protesto do partido continue e prejudique inclusive a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prorroga até 2011 a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), imposto com prazo de extinção previsto para o fim deste ano. Por enquanto, a proposta está na Câmara, mas em breve deve chegar ao Senado.

No entanto, o presidente deixou claro que não irá aceitar barganhas de peemedebistas. “Eu não barganho. Eu faço acordo programático, acordo com o partido. Mas não é possível você ficar barganhando votação que vai para o Congresso Nacional. Eu quero dizer que o Senado não pediu nenhum cargo, não existe nenhuma reivindicação”, declarou.

Ele reiterou que, por enquanto, não houve pedidos e que não conversou com senadores. Segundo Lula, questões relativas ao PMDB serão resolvidas pelo líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), com Jucá e Mares Guia.

O presidente afirmou que a atitude dos senadores é natural na democracia. “Para mim, esse exercício da democracia é uma coisa que eu respeito. Essas coisas não são para deixar ninguém nervoso, irritado, ficar achando que o mundo acabou”.

Apesar de respeitar o veto dos senadores, o presidente deixou claro que sua intenção é manter a Secretaria. “Na segunda-feira eu tomarei a decisão. O dado concreto é que nós vamos ter o ministério, nós precisamos. Eu estou querendo construir. Por isso, eu criei uma secretaria estratégica para pensar o Brasil para 2022, e a gente começar a maturar o tipo de Brasil que queremos entregar aos nossos netos e bisnetos em 2022”, assinalou.

Falhas -
De acordo com Jucá, o presidente reconheceu algumas falhas no diálogo do governo com o PMDB. “Ele quer solucionar os problemas criados com a rejeição da Medida Provisória. Vamos ajustar qualquer tipo de discussão antes da votação da CPMF”, declarou o líder governista.

Já Mares Guia foi incumbido, após o encontro com Lula, de se reunir com representantes do comando do PMDB. Por isso, em seguida, ele se reuniu com o presidente do PMDB, Michel Temer, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, e o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Jucá também participou do encontro.

“Nesta reunião, reafirmamos a coalizão, a condição de votar a favor da CPMF, de aprovar as matérias e de procurar dirimir qualquer questão e encaminhá-la”, disse Jucá.

O senador por Roraima também afirmou que não há rompimento por parte do PMDB com a coalizão do governo. “Pelo contrário, o PMDB está firme na palavra de seus líderes e do presidente. O que precisamos fazer é ajustar algumas questões”.

“A bancada está sentindo que está tendo pouca comunicação com o governo. São algumas questões pontuais que em tese não foram resolvidas. Mas a gente espera afinar o discurso e construir um entendimento”.

Jucá disse que o governo não se sentiu traído com a ‘rebelião’ peemedebista. O senador admitiu, no entanto, que a ação do partido foi uma surpresa para o governo. “Nós não estávamos informados. A gente lamenta que a manifestação tenha sido dessa forma. Temos um governo de coalizão e, portanto, existem caminhos que podem ser tomados no sentido de afinar o discurso, de ampliar a interlocução sem precisar uma demonstração dessa, que, de certa forma, compromete uma série de atividades do governo, com a questão da Sudam e da Sudene. Mas como foi uma manifestação do Senado, cabe ao governo acatar a manifestação e procurar a saída administrativa para contornar o problema”.

Ao ser indagado se o presidente Lula teria ficado irritado com a atitude do PMDB de votar contra a MP, o senador Romero Jucá respondeu que não. “O presidente está muito tranqüilo e disse que é preciso ter calma, que isso faz parte do jogo democrático e que iria buscar as soluções compatíveis com o caso”.

Negação – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira que a ‘rebelião’ do PMDB não tem nada a ver com a sua situação no Senado. Hoje, o parlamentar alagoano é alvo de três processos que tramitam no Conselho de Ética da Casa, que volta a se reunir na próxima terça-feira.

O senador deu a entender que a rejeição da MP pelo partido foi uma demonstração de insatisfação. “Mas não sei do quê. Os senadores do PMDB que votaram daquela maneira, pelo que se concebe de política, quiseram dar um balizamento com relação a alguma questão”, assinalou.

Renan ressaltou que ele e outros senadores como José Sarney (PMDB-AP), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Romero Jucá foram informados “de última hora” da decisão do partido. “Quando a decisão já estava tomada pela bancada”, completou.



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