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Grupo Imes revive os tempos de Noel Rosa
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
28/02/2002 | 19:02
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Noel Rosa está vivo. Pelo menos no musical Nos Tempos de Noel Rosa, que será apresentado somente nesta sexta no Sesc São Caetano, dentro do projeto Plataforma ABC. Encenado pelo grupo vocal e dramático do Imes (Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano), o espetáculo presta uma homenagem ao cantor e compositor, morto há 65 anos, além de relembrar a época em que viveu.

Nos Tempos de Noel Rosa é resultado de um trabalho de pesquisa desenvolvido por todo o grupo ao longo de quatro meses, sob orientação do maestro Paulo César Moura. “Colhemos informações detalhadas sobre a música, a cultura e a história da época”, diz o ator Juliano Testa, que participa da montagem.

Noel Rosa é, portanto, o fio condutor do espetáculo, que começa com os 15 integrantes do grupo vocal cantando marchinhas de carnaval famosas na época, como O Abre Alas, de Chiquinha Gonzaga.

Depois, os cantores fazem uma verdadeira viagem pelo repertório da década de 30, interpretando músicas de Pixinguinha, Ari Barroso, Lamartine Babo, João de Barro (o Braguinha), Ismael Silva, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Noel Rosa. “Entre uma música e outra, fazemos comentários sobre as composições e lemos pequenos poemas da época”, diz Testa.

Nos Tempos de Noel Rosa conta até mesmo com a apresentação de uma radionovela, igual às realizadas antigamente. “É uma história de amor, uma comédia leve, que fala sobre uma moça rica que tem um pretendente igualmente rico, mas é apaixonada por um rapaz pobre”, afirma o ator. O programa de rádio também mostra cantores convocados “ao vivo” para interpretar sucessos.

Em uma cena seguinte, no bar, ocorre um dos momentos mais significativos do ponto de vista histórico. É quando o personagem que representa o médico de Noel Rosa lê uma carta verídica escrita pelo compositor e endereçada a este.

“Em duas ocasiões, o Noel Rosa viajou para tratar-se e mandou cartas para seu médico para contar sobre seu estado de saúde. Essa carta foi toda escrita em versos, e ele diz, com bom-humor, que apesar de tudo está bem”, afirma.

No final, mais canções. Entre elas, sucessos de Noel Rosa e outros compositores, que o público costuma acompanhar em coro. Toda a música é feita ao vivo por Renato Santoro e William Wagner Winkler (violão), e Carlos Eduardo Bernardes Moreira (flauta). A regência é de Paulo César Moura. Os cenários são assinados por Fabrizio Dell’Arno; figurinos, José Henrique de Paula, e iluminação, Cláudio Masson.

Queixinho – Conhecido na escola como Queixinho, Noel Rosa teve o bandolim como seu primeiro instrumento, aos 13 anos de idade. Aprendeu a tocar de ouvido, e logo depois passou ao violão, sendo auxiliado por seu pai e amigos. Não tardou para o menino logo se aventurar em serenatas nas redondezas, sempre acompanhado por seu irmão mais novo.

A vida escolar, apesar de suas tentativas, nunca ficou em primeiro plano. Noel Rosa foi alfabetizado pela mãe, professora, e só aos 13 anos ingressou em uma instituição de ensino. Mesmo quando decidiu ingressar na faculdade de medicina, o cantor não deixou de lado o violão e as serenatas.

Na verdade, nem chegou a concluir o curso. Como resultado, porém, deixou o samba Coração. Apesar da vida curta – Noel morreu aos 26 anos – deixou várias gravações, e um punhado de sucessos, como Com que Roupa?, Palpite Infeliz, Feitiço da Vila e As Pastorinhas.




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