A Prefeitura de Ribeirão Pires notificou ontem a OSSPUB exigindo explicações do presidente da entidade, Edison Dias Júnior, acerca do depósito no valor de R$ 20 mil feito pela Assist - Cooperativa de Trabalho dos Auxiliares e Assistentes na Área de Saúde, sublocada pela ONG, para a concessionária onde ele comprou um Toyota Corolla zero-quilômetro no valor de R$ 72 mil. O caso foi revelado com exclusividade pelo Diário na edição de ontem.

O Executivo informou que neste momento recolhe toda documentação necessária para analisar e, na semana que vem, decidirá qual a penalização para a OSSPUB, caso a Prefeitura entenda que houve dano ao erário por conta do pagamento. O contrato entre a organização e a Prefeitura é de R$ 29,5 milhões por ano para gerenciar o Hospital e Maternidade São Lucas e as residências terapêuticas.

O prefeito Clóvis Volpi (PV) disse a pessoas próximas que não descarta a possibilidade de romper o acordo antes de julho, quando encerra o vínculo entre Executivo e ONG. O fim da terceirização da Saúde seria um dos pontos na pauta de reestruturação da Pasta, que teve início no ano passado e culminou na queda de Jorge Mitidiero do comando da secretaria no mês passado.

O fim do contrato não comprometeria o atendimento municipal. Em janeiro, os vereadores levantaram o recesso para votar projeto de lei que cria 40 cargos comissionados na área da Saúde. Na época, Volpi alegou que a modificação era necessária porque o governo federal pode seguir as orientações da Conferência Nacional de Saúde, o que exigiria o fim das terceirizações no setor.

Já há movimento no Legislativo para convocar o presidente da OSSPUB para se explicar diante dos vereadores o episódio envolvendo a compra do veículo. O líder do governo na Câmara, Antônio Muraki (PTB), estuda convocar Edison para prestar os esclarecimentos. "Não temos interesse de averiguar a compra do carro, isso é com a Justiça, mas o cidadão precisa explicar o uso do dinheiro público", considerou. O petebista não vai deixar por menos toda a situação. "Ele vai ter de esclarecer de que forma isso aconteceu e como toda transação foi feita. Os vereadores têm o total direito de averiguar", salientou.

O presidente da Casa, Gerson Constantino (PSD), afirmou que é necessário esperar as deliberações do Executivo antes de qualquer atitude ser tomada. "Nesse primeiro momento, não podemos antecipar aquele que está envolvido. O prefeito está à frente disso tudo. Ele vai chamar o Edison e mensurar os fatos", analisou.

O pessedista disse que está receoso quanto ao desvio realizado pelo presidente da OSSPUB. Gerson não confirma, mas, segundo fontes ouvidas pelo Diário, Edison enviou uma mensagem ao presidente garantindo que irá se explicar aos parlamentares.

O Ministério Público não respondeu se abrirá investigação, mas Olavo Tarricone Filho, integrante do conselho administrativo da OSSPUB, enviará a denúncia ao MP. Ele detectou a irregularidade por meio de auditoria paralela nas contas da organização.