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Funcionários da Febem são presos por tortura; rebelião na unidade do Tatuapé teria sido incitada
Do Diário OnLine
13/01/2005 | 17:36
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A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de 23 funcionários da unidade Vila Maria da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Eles são acusados de torturar cerca de 30 internos. A polícia já deteve 16 acusados — os outros sete são considerados foragidos.

O secretário de Justiça de São Paulo e presidente da Febem, Alexandre de Moraes, fez a denúncia de tortura na quarta-feira. De acordo com o promotor Wilson Tafner, da Vara da Infância e Juventude, funcionários da Febem do Tatuapé incentivaram os internos a se rebelarem para desviar a atenção da unidade Vila Maria.

No mesmo horário em que o secretário de Justiça seguia para a Febem Vila Maria para apurar as denúncias de tortura, estourou a rebelião no Tatuapé. "Com a notícia de que eu viria aqui, coincidentemente, começou a rebelião no Tatuapé. Não posso comprovar que houve facilitação, mas é muita coincidência", disse Moraes.

Tortura- A inspeção na Febem Vila Maria revelou que os monitores guardavam um pequeno arsenal para tortura no almoxarifado, com pedaços de pau, cabos de vassoura e canos de ferro. Os menores apresentavam diversos hematomas nas costas, braços e cabeça.

"Eu estou há 8 anos acompanhando o problema da Febem e nunca vi esse tipo de coisa", disse o promotor Tafner. Funcionários afastados da unidade teriam participado da sessão de tortura. "São bandidos, torturadores. Já levantamos cinco nomes (de ex-monitores). Há adolescentes bem machucados".

Quando os abusos foram constatados, seis viaturas do GOE (Grupo de Operações Especiais) foram chamadas até a unidade e prenderam os acusados. Todos as pessoas que trabalharam na unidade Vila Maria no turno da noite de terça-feira e na quarta foram afastadas.

Em entrevista à Rádio CBN, Antônio Gilberto da Silva, diretor do Sindicato dos Funcionários da Febem, rebateu as acusações. Ele disse que alguns dos funcionários presos nem estavam trabalhando no dia do espancamento.

Silva também contestou o fato de uma mulher estar entre as detidas. Ele acredita que a denúncia é uma tentativa de intimidar os funcionários, que ameaçam entrar em greve. "Somos pais de família, não bandidos".

Condenados- A Procuradoria Geral de Justiça anuncia nesta quinta-feira a pena de dez monitores da Febem Paralheiros, condenados por tortura. O ataque aos internos aconteceu em 2001.

O promotor Afonso Prestes, que investigou o caso, disse haver semelhanças nos instrumentos de tortura utilizados nas unidades de Parelheiros e Vila Maria. Segundo ele, "há uma disseminação dos modos usuais aplicados nesse tipo de crime".   

A pena mais severa para quem pratica tortura é de 16 anos de prisão. Todos os funcionários de Parelheiros podem recorrer da decisão da Justiça.




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