Economia Titulo
Quitar dívidas exige planejamento
Patricia Eloy
Do InvestShop.com
30/09/2000 | 19:50
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Ver-se livre das dívidas é o sonho de muita gente, mas para que isso se torne realidade é preciso, acima de tudo, muito planejamento. "Será preciso reorganizar toda a sua vida financeira, portanto, o ideal é renegociar todas as dívidas", afirma Marcos Silvestre, economista-chefe do Forex - Centro Brasileiro de Orientaçao de Finanças Pessoais, de Sao Paulo. Entretanto, nem todos os casos têm soluçao. "Certas dívidas sao inegociáveis e a morte financeira já está decretada. Há ocasioes em que as pessoas perdem seu nome e crédito na praça e nao há ginástica financeira que opere milagres", lamentou.

Para Silvestre, a primeira providência a ser tomada é conhecer suas dívidas, analisando a gravidade de cada uma delas. "O ideal é procurar o credor o quanto antes, mas isso só pode ser feito quando você estiver preparado para a renegociaçao. Você precisa entender o contrato para que saiba o montante devido, entenda as sançoes que podem ser adotadas pelo credor e possa perceber se as condiçoes estao sendo mudadas", alertou. Segundo ele, saldar dívidas pode significar perda de capital e o consumidor deve estar preparado para isso. "Enxugar contas e vender bens fazem parte do processo", disse.

De acordo com José Roberto de Oliveira, presidente da Associaçao Nacional de Assistência ao Consumidor e Trabalhador (Anacont), eliminar a incidência de juros sobre juros é o ponto de partida. "Só entao será possível quitar o débito. Se o credor apresenta uma conta de R$ 3 mil ao longo de um ano, saiba que apenas metade desse valor refere-se à sua dívida real. Tente negociar a metade do total proposto e, caso ele nao aceite acordo, procure a Justiça", orientou. "Só quem pode cobrar juros sobre juros sao as instituiçoes bancárias. Cartoes de crédito e compras, por exemplo, nao podem fazê-lo", advertiu.

Para Silvestre, renegociar dívidas nao significa, necessariamente, aceitar a proposta nos termos impostos pelo credor. "Nao adianta financiar os valores em 36 parcelas. Na verdade, o valor total estará apenas diluído em prestaçoes. Esticar a dívida em várias parcelas significa juros maiores", alertou. "Batalhe nao apenas para que as taxas de juros nao subam, mas para que caiam. Quedas de 20% a 30% sao razoáveis e, ainda assim, significam juros altos. Se a sua proposta for séria, sao grandes as chances de se conseguir uma renegociaçao favorável", acredita.

As instituiçoes estao abertas à negociaçao. "Para o cliente, o ideal é que a instituiçao perdoe a dívida integralmente. Para nós, o ideal é que o cliente pague tudo que deve. Nesse meio termo, há espaço para ampla negociaçao. Só fazemos acordo quando o proposto é favorável para ambas as partes", explicou Roberto Lamy, diretor de crédito e risco do cartao de crédito Unibanco. Entretanto, nao há fórmulas a serem seguidas.

"Cada caso deve ser analisado separadamente. Renegociamos o saldo de forma que o cliente possa pagar, seja por meio de de taxas menores ou de prazos mais longos", disse.

Quem busca quitar as dívidas também deve tomar o cuidado de nao causar um estrago ainda maior em sua vida financeira. Uma das regras de ouro é fugir dos empréstimos bancários. "Nunca é bom tomar dinheiro emprestado para comprar a prazo em um país onde os spreads bancários sao os maiores do mundo, especialmente com os impostos do governo-goela-grande maltratando os mais pobres nas operaçoes de empréstimo", afirmou Luis Carlos Ewald, consultor econômico, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e colunista do InvestShop.com.

Segundo Ewald, uma vez quitada a dívida, a preocupaçao maior deve ser manter sua vida financeira saudável. "Se a pessoa for usuária constante de cheque especial ou do rotativo do cartao de crédito, deve tratar de procurar uma alternativa mais barata, nos próprios bancos ou até mesmo mudar de cartao. Já existem cartoes financiando saldos devedores de cartoes concorrentes com juros bem menores", indicou.




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