Cultura & Lazer Titulo
Jogo de possibilidades infinitas
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
14/01/2010 | 07:00
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Divulgação


Dois homens acompanhados de duas cadeiras, um casaco, um lenço e um molho de chaves abrem infindáveis possibilidades de interpretações em "In On It", que estreia amanhã, no Teatro Faap, na Capital.

Com texto do canadense Daniel MacIvor, a montagem dirigida por Enrique Diaz e encenada por Emilio de Mello e Fernando Eiras, não entrega a que veio nem no título, que em português pode significar ‘estar por dentro' ou ‘falar sobre'.

"Alguma coisa incompleta, mas que seduzia pela maestria no jogo dos níveis de interpretação e pela metalinguagem. Dois atores, atuações complexas e um universo poético muito sensível", conta Diaz sobre o momento em que viu o espetáculo pela primeira vez, em Nova York.

A obra do canadense era desconhecida do público brasileiro até a montagem de Diaz, que estreou no ano passado nos palcos cariocas.

"Tem um mistério na peça, que precisa ser desvendado", conta Emílio de Mello, que interpreta, ao lado de Eiras, Esse Aqui e Aquele Ali. Não se sabe muito bem quem é qual.

A história mesmo é um jogo envolvendo ficção, realidade e passado, centrado em dois personagens, um deles dramaturgo, autor de uma peça sobre homem que sofre acidente de carro. Tudo muito vago, a princípio, o carro, uma Mercedes-Benz azul, é jogado para a outra pista sem motivo aparente. Esse aqui e Aquele Ali comentam as cenas da peça, que envolvem ainda a mulher, o filho e o pai do homem acidentado. Aos poucos, os dois homens vão se descobrindo na história que recriam, encontram pontos comuns de sua vida com a ficção, na qual dois amantes vivem o fim do seu amor.

Ao todo, Fernando e Emílio interpretam dez personagens em cena, para recriar esse ambiente todo.

QUEBRA-CABEÇAS - "A história é a base do que acontece em cena, mas não necessariamente tem de ser entendida de forma exata pelo público", conta Diaz.

A ficção é criada por Esse Aqui e recriada durante o espetáculo, enquanto a realidade é o presente dos dois personagens protagonistas permeado por suas discussões. O passado é o mistério da história, sendo desvendado no desenrolar do enredo, e elucidando o estabelecimento das relações entre a ficção, a realidade e todos os personagens.

"É um quebra-cabeças de possibilidades infinitas de resolução. O público vê a peça que quer, com total liberdade para montá-lo", diz Mello, a respeito do enredo.

Sobre estar em cena sem muito amparo cênico, o ator diz que, ao contrário de considerar dificultoso, facilita e amplifica a proposta do espetáculo: "Pelo contrário, isso só abre possibilidades, tanto para o público como para nós", completa, referindo-se à liberdade no ato de interpretar, que acaba por oferecer as múltiplas possibilidades de entendimento.

Até o mistério da peça, que aos poucos vai sendo desvendado em cena, está em aberto.

"O ponto alto é a estrutura da linguagem e o número de possibilidades de criação que ele fornece cenicamente. A estrutura fragmentada do texto depende única e exclusivamente do jogo de cena entre os atores, e da cabeça do público", afirma Mello.

In On It Teatro. Estreia amanhã. Teatro Faap - Rua Alagoas, 903, São Paulo. Tel.: 3662-7233. Sextas-feiras, às 21h30; sábados, às 21h; e domingos, às 18h. Ingr.: R$ 40 (6ª e dom.) e R$ 50 (sáb.). Até 28 de março.




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