Ele perdeu nas quartas-de-final, mesma fase em que seu único adversário ainda com chances, Pedro Muller, havia sido derrotado, momentos antes. A etapa deste domingo, realizada em ondas de menos de meio metro, foi dominada pelos nordestinos.

O potiguar Joca Júnior foi o campeao, deixando o cearense Fábio Silva em segundo, que, com o resultado, reassumiu a liderança do circuito brasileiro - o estadual vale pontos para o nacional.

O título de Léo Neves, na verdade, foi sendo conquistado ao longo das cinco etapas realizadas em 99. "Depois de ser vice-campeao ano passado, entrei com disposiçao de vencer este ano. Fiz uma final e duas semifinais, ao longo da temporada", justifica o campeao, que mora em Saquarema com a esposa e um filho de menos de um ano, na casa do amigo de surfe Raoni Monteiro.

Os frutos podem começar a aparecer para Léo. "Estou tentando fechar com a Bad Boy, empresa que me patrocina, um contrato para correr o circuito do World Qualifing Series inteiro. É caro, custa em torno de US$ 3 mil mensais", explica.

A conquista, entretanto, nao foi tao simples assim. Pedro Muller, o único adversário que tinha chances de tirar o caneco de Léo, iria competir na segunda quartas-de-final contra o potiguar Joca Júnior. Léo estava na terceira, esperando que o carioca vencesse para nao competir pressionado para vencer. E foi o que aconteceu. Ao saber do resultado, ainda na água, Léo jogou a prancha para o alto e vibrou muito.

Circuito carioca decidido, as atençoes se voltaram para a disputa do brasileiro. Fábio Silva, ao passar por Tinguinha, de Sao Paulo, nas quartas, e por Tadeu Pereira na semi, garantiu o retorno ao primeiro posto do surfe brasileiro. "Ainda nao ganhei nada", ressalvou.

Na final, Fábio ficou à frente até os últimos quarenta segundos, quando Joca encontrou a onda certa, fez uma média 6.9, e ficou com o caneco da etapa. "Seria difícil de qualquer maneira, mas ficou ainda pior com as ondas muito ruins deste domingo. Já estava até conformado, porque o Fábio é meu parceiro de equipe e está na disputa do título, mas, a poucos segundos do fim, apareceu a onda certa", contou o potiguar, que passou a terceiro do ranking brasileiro com o resultado.

Mesmo perdendo a final, Fábio estava satisfeito, pois passou o paranaense Peterson Rosa, que perdeu nas quartas-de-final para Amaury Pereira. Após a derrota, o paranaense protestou com o organizadores.

A revolta tinha explicaçao: Peterson pode estar no Havaí, na data da última etapa do Brasileiro - de 17 a 19 de dezembro - disputando a última etapa do circuito mundial do World Championship Tour, que está previsto para ser realizado nos melhores dias de surfe do intervalo de 8 a 20 de dezembro.

O cearense Fábio, acostumado às águas quentes e ondas tranqüilas do nordeste, quer estar preparado para enfrentar o frio do Sul na última etapa, em Garopaba, Santa Catarina. "Vou chegar lá uns dez dias antes para me acostumar às condiçoes e tentar o título brasileiro."

Abrasp - A Associaçao Brasileira dos Surfistas Profissionais será dirigida, a partir do ano que vem, pelo carioca Alexandre Guaraná. Ele ocupa a vaga aberta com a renúncia de Roberto Perdigao, que estava no cargo há mais de dez anos e foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do surfe brasileiro. Com a mudança, a sede da Abrasp sai de Florianópolis e vem para o Rio. Alex está otimista na nova funçao. "Pretendo buscar suporte para o esporte nao apenas nas indústrias de surfwear, mas também em grandes empresas, interessadas em associar a marca a um público jovem, que consome e forma opiniao".