Política Titulo
Morando afirma que Rodoanel será vitrine presidencial
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
26/12/2009 | 09:05
Compartilhar notícia


Uma das principais bandeiras levantadas pelo deputado estadual Orlando Morando (PSDB - São Bernardo), o Rodoanel vai se tornar vitrine presidencial na eleição do ano que vem, na avaliação do parlamentar. "O Brasil vai passar nela", pontua. "São Paulo é uma antes do Rodoanel Trecho Sul e será outra depois", completa o tucano. Em entrevista ao Diário sobre o balanço de 2009, Morando explana sobre as expectativas sobre o pleito de 2010 no Grande ABC e comenta o cenário político estadual e nacional no âmbito partidário.

DIÁRIO - O sr. foi um dos que mais tiveram emendas aprovadas no orçamento do Estado dentre os oito deputados estaduais do Grande ABC (24 de um total de 137). Isso se deve ao prestígio junto ao governo?
ORLANDO MORANDO - O que diferencia que consigamos aprovar mais emendas no orçamento é a experiência. Não adianta colocar R$ 50 milhões numa obra que não vai conseguir, é besteira. O Estado é grande e o bolo tem de ser bem partido. O deputado tem R$ 2 milhões de emendas pontuais. Minha cota está vindo exclusivamente para o Grande ABC. São R$ 800 mil para São Bernardo; R$ 300 mil para Santo André; R$ 150 mil para São Caetano; R$ 300 mil para Ribeirão Pires; R$ 150 mil para Diadema; e R$ 300 mil para Rio Grande da Serra. Do montante de São Bernardo, R$ 500 mil são para construir uma creche, que eu pedi para o prefeito (Luiz Marinho - PT) que fosse construída no bairro Batistini. É meu compromisso, pois dos meus 120 mil votos (na eleição de 2006 a deputado), 96 mil são só da região, que tem de ser priorizada.

DIÁRIO - Fora as emendas, o que considera de mais importante do seu mandato em 2009?
MORANDO - No nosso primeiro mandato, só em São Bernardo foram 1.500 unidades habitacionais entregues - 420 só neste ano - e no Grande ABC mais de 2.000. Temos focado dentro do orçamento a habitação, e depois disso batemos na porta dos secretários e dizemos: ‘Nossa região não pode ficar esquecida'. O Jardim Santo André possui o quarto maior programa habitacional do Estado. Conseguimos colocar a região dentro de uma linha de prioridade. Destinamos R$ 5 milhões ao Hospital Mário Covas, que são incorporados aos R$ 100 milhões anuais de repasse do governo para o custeio do local. Destaque maior que tem a minha mão é o Rodoanel. Fui o único deputado estadual que em 2003 conseguiu audiência como o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Levei os sete prefeitos do Grande ABC para que pudéssemos pautar a obra dentro do orçamento da União. O projeto inicial do Rodoanel não tinha o trevo da (Rodovia dos) Imigrantes. Brigamos e conseguimos para que fosse incluído no projeto. E depois foi nosso acompanhamento sistemático da obra para mostrar que os prazos estavam sendo cumpridos. Hoje posso assegurar que vamos entregar a obra dia 27 de março.

DIÁRIO - A população vai sentir o impacto imediato dessa obra? Há muita expectativa na conclusão dessa via. Não pode ser frustrante?
MORANDO - São Paulo é uma antes do Rodoanel Trecho Sul e será outra depois. Temos volume de caminhões na Avenida dos Bandeirantes e nas marginais muito grande. Vamos retirar imediatamente cerca de 40% desse volume de carga pesada dessas vias. Automaticamente vamos dilatar as artérias, o que criará fluidez muito melhor. O Trecho Oeste não demonstrou efeitos positivos porque liga rodovia a rodovia. O Trecho Sul cria link direto com o Porto de Santos. O Rodoanel é a obra pública mais importante dos últimos 30 anos para nossa região. Outra questão importante é o avanço para contratação do estudo base da ligação entre a Estação Tamanduateí do Metrô, em São Paulo, e o Grande ABC. Será contratada empresa para fazer o levantamento prévio, verificar o traçado, ver qual é a melhor alternativa. Se tudo der certo, em três ou quatro anos o Metrô estará circulando dento da região. Mas é preciso ter transparência, pois não é algo para ontem. Antes do Ano Novo, dia 28, o (governador de São Paulo, José) Serra inaugura a Estação Sacomã do Metrô, a mais próxima do ABC, e depois, em março, a Tamanduateí. Temos problemas na Segurança, na Saúde e em outras áreas que em outros momentos foram mais enfáticas. Hoje, o maior problema para o conforto das pessoas é a mobilidade urbana. Dentre as ações legislativas, realizamos o seminário Manancial Legal, que deu a pauta e a data para que a Lei Específica da Billings efetivamente pudesse sair da gaveta. A matéria foi votada e até o fim do ano temos o compromisso da Secretaria de Estado do Meio Ambiente que vai baixar o decreto regulamentando a lei. E aí caberá a movimentação das prefeituras para formular cada uma sua lei, readequando o plano diretor sob o guarda-chuva da lei-mãe estadual. Ainda trabalhamos para a ampliação de Fatecs (Faculdades de Tecnologia) na região, lutamos para melhoria do Hospital Nardini em Mauá, entre outras iniciativas.

DIÁRIO - O Rodoanel vai ser tema da eleição ao governo do Estado e à Presidência em 2010?
MORANDO - A obra não foi feita para isso, mas não tem como escondê-la. É uma obra do Brasil. Tudo que vem da região Centro-Oeste para o Porto de Santos, de São Paulo, de uma parte de Minas Gerais, obrigatoriamente vai passar pelo Rodoanel. Vai se tornar vitrine presidencial, porque o Brasil vai passar nela. É natural que o partido, na minha ótica, tenha o dever de colocar isso como uma ousadia em investimentos viários. Entre desapropriações e investimento ficará em torno de R$ 4,5 bilhões, num período de dois anos e meio, num prazo recorde, que é outra ousadia em obra pública. A coragem do governador José Serra de fazer um aporte desse numa única obra tem de ser ressaltada. Qualquer outro governante iria dizer: ‘Com esse dinheiro consigo fazer 100 hospitais'.

DIÁRIO - Ouvimos muito dizer que cada um dos oito deputados estaduais da região age isoladamente. Falta mesmo essa integração da bancada regional?
MORANDO - O trabalho conjunto flui e vou dar um exemplo: a Lei Específica da Billings teve um grande tempo de tramitação, começou quando eu era vereador, mas no momento certo teve empenho de todos os parlamentares. Não há má vontade. Só a cidade de Campinas tem oito deputados. Aí tem as bancadas da Baixada Santista, de Sorocaba, de São José do Rio Preto, e aí cada parlamentar tem sua maneira de agir. Nos projetos macros, não vejo má vontade. Nos momentos importantes tem a integração, porque não podemos misturar as ações do dia a dia, que são mais pontuais, e do perfil de cada um.

DIÁRIO - Na avaliação do sr., o Grande ABC tem condições de eleger mais deputados no pleito do ano que vem?
MORANDO - Tenho mantido postura de que não estamos num ano de campanha e não podemos pautar as discussões em cima de eleição. Passaremos a tratar isso a partir de março. Mas a expectativa é de que, pelo potencial eleitoral, se o povo do Grande ABC se conscientizar e votar nos deputados da região, temos condições de aumentar a bancada, principalmente a federal, que em 2006 elegeu apenas Vicentinho (PT) e Frank Aguiar (PTB, que se desligou do mandato para ser vice-prefeito de São Bernardo). São quase 2 milhões de eleitores para um deputado federal. Em Sorocaba, há dois federais do PSDB, fora outros partidos. Se conseguíssemos conscientizar, a população da região poderia eleger um senador da República. Com o apoio daqui e mais um trabalho de difusão fora, teríamos como levar adiante a candidatura.

DIÁRIO - Sobre a eleição do ano passado, em que o sr. concorreu à Prefeitura de São Bernardo, ficou alguma sequela ou o grupo assimilou a derrota?
MORANDO - Perder não é bom nem jogando palitinho. Mas acho que o grupo entendeu que a população quis uma mudança. E estão sentindo as mudanças, que em grande parte é para pior. Até mudança de mão de rua que a Prefeitura está fazendo está indo para a Justiça, porque está em desacordo com que pensa a sociedade. Em janeiro farei um balanço da gestão Luiz Marinho (PT). O nosso time continua muito bom e forte.

DIÁRIO - O que o PSDB espera das disputas eleitorais em 2010?
MORANDO - Com a saída do Aécio Neves da disputa definiu-se: o Serra é o candidato à Presidência. Essa é uma questão irrevogável e irreversível, na minha opinião. Mas ele vai pautar assunto no momento apropriado, para não misturar o governo com campanha. E quando renunciar ao governo terá de indicar o sucessor, e essa situação deve ser melhor lapidada, pois ainda não está.

DIÁRIO - A decisão do candidato do PSDB ao governo de São Paulo está somente entre dois nomes ou existem mais possibilidades?
MORANDO - Não existe mais do que dois nomes: está entre Aloizio Nunes (secretário da Casa Civil) e Geraldo Alckmin (secretário de Desenvolvimento). O partido vai homologar o que o Serra decidir. Ele é o juiz de paz dessa decisão, que está nas mãos dele.

DIÁRIO - Ainda sobre a questão de defesa de Serra em detrimento ao Aécio, não é questão de bairrismo desejar novamente um candidato a presidente paulista?
MORANDO - É um pouco de juízo. Serra é extremamente preparado. Pode não ser um dos mais simpáticos, mas é um dos mais bem preparados para a gestão pública. Não é à toa que faz governo exemplar em São Paulo, tem índice invejável de aprovação, faz uma gestão plena. Não há área, do social à infraestrutura, que não tenha investimento pesado. A malha do Metrô, por exemplo, tem 40 anos. Se pegar pela média, foi construído um quilômetro por ano. O Serra vai entregar no mandato 21 quilômetros. É quase um Juscelino (Kubtschek, ex-presidente do Brasil responsável pela construção de Brasília). Em um governo sem escândalo, que é obrigação, não virtude. É natural que o paulista tem apelo maior a um candidato da sua localidade.

DIÁRIO - Chapa pura à Presidência seria a melhor composição estratégica para o PSDB?
MORANDO - É nosso objeto de desejo. E, como tucano, não perdi a esperança de ter o Aécio como vice. Vamos lembrar aquela modalidade que deu muito sucesso no passado que era a política do café (de São Paulo) com leite (de Minas Gerais).

DIÁRIO - E quanto às prévias internas, o PSDB tem trauma desse processo?
MORANDO - O partido não tem a cultura de fazer prévia. Mas se em algum momento for necessário, não vejo nenhum problema. Acho que é um aprimoramento. Mas nem o PT, que historicamente faz disputas internas não quis discutir, o que demonstra que estrategicamente não era o momento. Acho que em outras eleições, municipal ou estadual, o partido está apto a fazer prévia.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;