Setecidades Titulo
Diarista não consegue deixar de fumar
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
01/06/2010 | 07:37
Compartilhar notícia
Nário Barbosa/DGABC


A primeira coisa que a diarista de São Bernardo Solange Teixeira, 50 anos, faz após tomar café preto é fumar. Ontem não foi diferente, apesar de ser Dia Mundial sem Tabaco. "Nem sabia da data. Se fico um dia sem fumar já fico nervosa, com sono e como demais. Já tentei parar. Consegui por 15 dias, mas entrei em depressão e voltei", desabafou.

Ela consome um maço inteiro, ou 20 cigarros, diariamente. "Das 6h45, hora que levanto, até às 8h, já são três cigarros. O restante vai ao longo do dia", disse, contando que gasta por dia R$ 3,40. "Sei que se parasse iria economizar R$ 102 por mês, mas é difícil", explicou.

De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2008, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as fumantes brasileiras desembolsam em média 12% de um salário-mínimo com o produto mensalmente.

Solange começou aos 14 anos. "Achava bonito mulher fumando, porque via a mãe da minha amiga com o cigarro. Hoje sofro as consequências: tenho bronquite, cansaço, e o coração está acelerado por conta do vício", explicou a diarista, que deseja parar, contando que já teve problemas no trabalho. "Já perdi o emprego, porque diziam que não produzia por parar para fumar. Nas casas em que trabalho sempre fumo do lado de fora."

Vice-presidente da regional da Sociedade Paulista de Cardiologia e professor da Faculdade de Medicina do ABC, José Luís Aziz considera que a Lei Antifumo diminui o espaço para os viciados. "Fumar envolve aquele glamour e um ar desafiador. A partir do momento que restringe os locais, acaba dificultando o acesso dos fumantes", disse.

PERFIL - Solange faz parte do perfil das mulheres que desejam parar de fumar e procuram o Ambulatório de Combate o Tabagismo da Faculdade de Medicina do ABC, no Hospital Mário Covas, em Santo André, que funciona desde 2004. "Mulheres depois dos 40 anos são as que mais nos procuram. Elas se preocupam mais com a saúde do que o homem, além de ter disponibilidade de tempo", concluiu Adriano César Guazzelli, coordenador de pneumologista do ambulatório.

O local é aberto ao público, mas há uma fila de até três meses para consulta. "Atendemos em média 40 pessoas por dia. Quem tem interesse precisa pedir para o médico solicitar um encaminhamento ao ambulatório", disse o coordenador. Os participantes passam por avaliação, para avalizar necessidade de medicação, e acompanhamento psicológico.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;