A produção industrial brasileira vem desacelerando. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada ontem aponta ligeiro avanço de 0,2% em janeiro frente a dezembro, mas na comparação com mesmo mês de 2010, a tendência é de crescimento menos intenso.

Até a primeira metade do ano passado, as expansões eram de dois dígitos (acima de 10%). No primeiro mês de 2011, houve alta de 2,5% frente ao mesmo período do ano passado.

Mesma tendência é verificada no comparativo dos últimos 12 meses, em que há clara redução nas taxas de crescimento: depois de registrar alta de 11,7% em novembro e 10,4% em dezembro, agora registra 9,4% de expansão.

Para o economista do IBGE André Macedo, a invasão de itens importados - favorecida pelo real valorizado - e o menor dinamismo da economia nos últimos meses colaboraram para a desaceleração.

Ele cita, no entanto, que no início de 2010, a indústria crescia mais porque a base de comparação com 2009 era fraca. Isso porque, nesse período, havia os efeitos da crise financeira global, que estourou no fim de 2008. Além disso, os incentivos do governo para estimular a produção - como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - vigoraram até fim de março do ano passado.

SETORES - Em janeiro frente a dezembro, o segmento de material eletrônico e equipamentos de comunicações liderou a expansão, com alta de 35,5%. Entre as atividades que reduziram a produção, um dos destaques foi a área de veículos automotores (-3,2%), que acumulou perda de 4% nos últimos três meses. Pela classificação do IBGE, essa área inclui a fabricação de autopeças, que tem sido prejudicada fortemente pela concorrência com os produtos importados. No primeiro mês do ano, o setor registra deficit comercial (importações maiores que exportações) de US$ 378 milhões.

Por sua vez, frente a janeiro de 2010, o ramo de veículos automotores ainda lidera, com alta de 8,2%, impulsionando para cima a taxa geral da indústria.