Economia Titulo
Setor automotivo fica abaixo da pré-crise
24/01/2010 | 07:23
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Mesmo com os incentivos fiscais do governo no ano passado, a indústria da cadeia automotiva, que engloba automóveis, ônibus, caminhões e autopeças, não atingiu o patamar de uso de capacidade instalada de produção anterior à fase pré-crise.

Levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que o Nuci (Nível de Utilização de Capacidade Instalada) de material de transporte - que abrange a cadeia automotiva -, atingiu taxas de 88,7% e de 88,5%, respectivamente, em novembro e em dezembro do ano passado.

Esses percentuais são os maiores em um período de um ano, mas ainda inferiores ao desempenho mostrado em 2008, ano em que esta indústria mostrou capacidade instalada acima de 90% nos primeiros dez meses. Para especialistas do setor, 2010 deve mostrar patamares mais elevados de Nuci em material de transporte, mais próximos ao cenário de 2008.

Nos meses de dezembro de 2008 e de janeiro do ano passado, época em que a indústria sentiu de forma expressiva os efeitos da crise, o Nuci de material de transporte atingiu usos de capacidade de 76,6% e de 76,5%, respectivamente, patamares considerados muito baixos para o setor, na série da fundação.

"Os números (de novembro e de dezembro do ano passado) mostram recuperação forte em relação ao fundo do poço registrado no início do ano, mas ainda estão abaixo do nível alcançado antes da crise", resumiu o coordenador de sondagens conjunturais do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), Aloisio Campelo.

Para especialistas do setor, 2010 pode ser o ano de retomada mais robusta no Nuci das indústrias que compõem a cadeia. O pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Unicamp, Fernando Sarti, comentou que, para este ano, o mercado aguarda aumento na produção automotiva do País, estimulada por mercado interno aquecido, e pela recuperação nas vendas para o Exterior - que sofreram um grande baque com a crise.

A opinião do economista é similar à da PriceWaterhouseCoppers. Dados citados pela empresa em relatório sobre setor automotivo divulgado neste mês mostram que, somente as exportações de veículos leves brasileiros tiveram queda de 43% no ano passado.

Na análise da consultoria, esse cenário foi contornado pelo aquecimento no mercado interno brasileiro, impulsionado por medidas como a redução no IPI(Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis.

DESTAQUE - No relatório, o Brasil é considerado como grande destaque na produção da cadeia automotiva no continente sul-americano nos próximos anos, e uma aposta para o futuro de grandes montadoras como Ford, Volkswagen e Hyundai, que anunciaram recentemente aumentos de capacidade instalada no País.

"Praticamente todas as grandes montadoras anunciaram investimentos em aumento de capacidade no Brasil", comentou Sarti. Dentro da indústria de material de transporte, o setor automobilístico é um dos mais otimistas. A produção total de autoveículos, montados e desmontados, encerrou 2009 com total de 3,18 milhões de unidades, registram retração de 1% sobre o desempenho de 2008, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o que é considerado um bom resultado, tendo em vista a crise global enfrentada pela indústria no ano passado.

CAPACIDADE - Mas este número de produção, de acordo com a associação, deve crescer para 3,3 milhões em neste ano, fato que deve contribuir para aumentar o uso da capacidade no setor de automóveis.

Para automotores, a capacidade instalada das montadoras no País é de 4 milhões de unidades ao ano no Brasil_- mas investimentos da ordem de US$ 21 bilhões previstos para o período de 2008 a 2012 vão elevar a capacidade instalada destas empresas. A estimativa é que chegue a 5 milhões de unidades ao ano, no período que compreende 2012 e 2013.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;