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Perturbador, 'Anticristo' estreia em São Paulo
Carla Navarrete
Do Diário OnLine
28/08/2009 | 07:01
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Divulgação


Filmado após uma crise de depressão do diretor Lars Von Trier, "Anticristo" foi uma espécie de terapia para o cineasta dinamarquês, que utilizou o filme para expurgar todos os seus demônios. Para quem for conferir o longa a partir desta sexta-feira, nos cinemas de São Paulo, o resultado pode ter um viés um tanto mais perturbador.

Veja o trailer

Muito já se falou sobre a produção, que chocou a plateia do Festival de Cannes em maio deste ano. Com cenas de sexo explícito, tortura e automutilação genital, "Anticristo" provocou a ira dos críticos mais ferrenhos, que acusaram Von Trier de misoginia por mostrar a natureza feminina como "maligna". Avesso aos comentários maldosos, o diretor mandou na lata: "Eu não acho que deva uma explicação a ninguém. Fiz (o filme) para mim mesmo."

Para o bem ou para o mal, a polêmica em torno do longa é justificável. Dividida em atos, a história começa com um prólogo no qual é mostrado o casal vivido por Willem Defoe e Charlotte Gainsbourg - os dois únicos personagens da trama - fazendo amor ao som de uma ópera de Händel, enquanto o filho pequeno pula da janela.

A fim de ajudar a mulher a superar as fases do luto, o marido inicia uma psicoterapia  em casal. O processo, porém, não é muito bem sucedido e os dois viajam para sua cabana localizada no meio de uma floresta sugestivamente chamada de Éden, paisagem do último verão do filho.

Ao contrário do esperado, as coisas no local caminham para um caos ainda maior. A partir daí, a beleza lírica do início do filme dá lugar a cenas de terror, com animais se autodevorando e flagelação.

Um dos fundadores do movimento Dogma (que pregava regras como câmera na mão, luz natural e ausência de trilha sonora), Lars Von Trier sempre se manteve fiel ao cinema não-convencional, em filmes como "Os Idiotas" (1998), "Dançando no Escuro" (2000) e "Dogville" (2003).

Em "Anticristo", o fio condutor é uma atmosfera de sonho, na qual é difícil discernir o que é realidade. Todos os elementos acusados pelos críticos estão lá: o filme mostra cenas literais demais e passa uma mensagem um tanto quanto misógina. Questionado sobre isso, o diretor disse apenas considerar a sexualidade feminina "assustadora".

A história chega a parecer por vezes sem sentido, apesar de o final levar o espectador a entender o porquê de passar por essa experiência. Concordar com ela ou não (diga-se também gostar dela) fica a critério de cada um.




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