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Prefeituras reagem a atos de servidores públicos
Beto Silva
Elaine Granconato
14/04/2010 | 07:39
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As prefeituras de São Bernardo e de Diadema, governadas pelo PT, reagem aos movimentos dos servidores públicos descontentes com a falta de propostas das administrações às reivindicações salariais da categoria. Apesar de situações distintas, as formas são parecidas.

À véspera da greve de advertência de 24 horas do funcionalismo de Diadema, o prefeito petista Mário Reali convocou para hoje reuniões com os comissionados (cargos de confiança), servidores com FGa (Funções Gratificadas) e coordenadores de atividades.

Os secretários e superintentes de Reali foram comunicados anteontem por e-mails do gabinete. Além de informar, tiveram a missão de carregar os comissionados para os encontros - que ocorrerão às 8h, às 14h e 16h em locais públicos diferenciados e divididos por Pastas, conforme a reportagem do Diário apurou.

Nesse grupo, incluem-se também os comissionados e FGs da Fundação Florestan Fernandes, da Saned (Saneamento Básico de Diadema) e ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema). Juntos, devem reunir em torno de 1.000 funcionários.

O comunicado não informa o tema da pauta, porém menciona a atual conjuntura financeira que atravessa o governo. Nos bastidores, cogita-se que o prefeito pedirá "força extra" para o grupo de confiança suprir a ausência dos grevistas amanhã (leia reportagem abaixo).

SÃO BERNARDO - A Prefeitura convocou o pessoal da limpeza para participar de reuniões, hoje e amanhã, às 15h30, no Centro de Referência ao Idoso, com representante do Departamento de Gestão de Pessoas.

Segundo servidores que preferiram não se identificar, a intenção da administração é "pressionar" a categoria para aprovar proposta enviada ao Sindserv (Sindicato dos Servidores) de São Bernardo. A entidade realiza amanhã, às 18h, assembleia para definir se continuam os protestos contra os benefícios apresentados pelo Executivo, considerados insuficientes, ou se avalizam as condições impostas.

Segundo o especialista em Direito Público Everson Tobaroela, se confirmada a orientação da Prefeitura, a situação pode ser caracterizada como "abuso de poder político e de autoridade". "Não se pode interferir num processo de escolha de cada um. Se realmente for confirmada essa pressão, o Ministério Público pode até cancelar o resultado da assembleia."

O presidente do Sindserv, Carlos Roberto da Silva, o Ketu, afirmou que chegou até ele "algumas informações" sobre o direcionamento da Prefeitura aos funcionários da limpeza. "Acho estranho, porque esse pessoal está contemplado na proposta." Mas seria justamente esse fato que levaria a categoria a apoiar a administração.

 

Marinho ‘esclarece' trabalhadores; Reali não responde

 

A Prefeitura de São Bernardo, por nota, negou a pressão na categoria e informou que "obviamente, por estarmos em processo de negociação na mesa permanente de negociação coletiva de trabalho, os servidores têm questionado sobre a proposta que será levada na próxima assembleia convocada pelo sindicato." "A administração tem a obrigação de esclarecer a todos. Assim foi com os dentistas e médicos, professores e pessoal administrativo, dentre outros."

A Prefeitura de Diadema não respondeu aos questionamentos do Diário enviados ontem por e-mail. Entre as indagações constavam o motivo da reunião com os servidores públicos comissionados, se tinha a ver com a greve de amanhã e qual a razão de os funcionários efetivos não participarem, além do número de comissionados e dos que recebem função gratificada.BS/EG

Sindicato aposta na força dos efetivos

Mesmo sem a participação dos comissionados e servidores que recebem funções gratificadas na Prefeitura, a diretoria do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema) aposta as fichas nos efetivos (concursados) e funcionários inativos para aderir à greve de amanhã.

A Secretaria de Serviços e Obras, que teve adesão de 100% dos trabalhadores na paralisação de quase duas horas dia 1º, é um dos carros-chefes. Tanto que o encontro entre o funcionalismo e representantes do sindicato se dará em frente ao prédio às 7h.

De lá, os manifestantes seguem em caminhada até a Central de Atendimento, que reúne várias secretarias, como Desenvolvimento Econômico e Trabalho; Finanças; Segurança Alimentar e Habitação e Desenvolvimento Urbano - a segunda paralisação ocorreu neste equipamento, um dia antes da reunião do dia 7 com a Prefeitura e que não foi apresentada nenhuma proposta à categoria.

A sede do sindicato terá dois pontos de concentração: às 9h e às13h. Na parte da manhã, no entanto, ainda está prevista caminhada do prédio do Sindema até a Praça da Matriz, região central da cidade. À tarde, parada na Câmara.

Com a recente experiência da luta pelo pagamento do 13º salário, que o governo Mário Reali só liberou a segunda parcela no último dia de 2009, os servidores da Educação e Saúde devem ficar na linha de frente - os serviços de urgência e emergência não serão interrompidos. A categoria reivindica reajuste salarial de 11% (5,62% da inflação).

Serviços Urbanos param hoje de manhã em São Bernardo

O Sindserv de São Bernardo promove hoje paralisação das atividades na SU (Secretaria de Serviços Urbanos), como protesto da categoria pela proposta apresentada pela Prefeitura até o momento. Motoristas, mecânicos, o pessoal do setor administrativo e de transportes da terceira mais importante Pasta da administração ficarão de braços cruzados das 6h às 9h.

O ato também será marcado por discursos de sindicalistas, em carro de som, contra a administração Luiz Marinho (PT). Essa será a primeira de uma série de protestos setorizados do funcionalismo. Se os servidores reprovarem novamente a proposta do Executivo na assembleia de amanhã, às 18h, no Paço, outras áreas se mobilizarão nos próximos dias.

"Queremos nos reunir com integrantes da administração nesta quarta ou quinta-feira. A proposta pode continuar a mesma ou pode melhorar. Estamos no aguardo de confirmação da reunião por parte da Prefeitura", destacou o presidente do sindicato, Carlos Roberto da Silva, o Ketu.

A categoria reivindica reajuste salarial de 16,5%, acumulados desde janeiro de 2009 quando começou a gestão petista, já que no ano passado nem mesmo o repasse da inflação, de 6%, foi concedido.

Também quer melhorias no vale-alimentação (de R$ 5,02 para R$ 12), vale-transporte aos estatutários e ampliação do atendimento do convênio médico. A Prefeitura ofereceu reposição de 6,44% a 13% nos vencimentos de 289 cargos, correspondente a 5.000 funcionários. Mas 272 funções, ou 8.000 trabalhadores, estão fora dos benefícios. O Executivo também propôs elevar o piso salarial de R$ 609 para R$ 703 e o auxílio-alimentação para R$ 8.




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