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Desempenho da balança deve melhorar, diz Amadeo
Do Diário do Grande ABC
21/07/1999 | 15:22
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O secretário de Política Econômica, Edward Amadeo, disse nesta quarta que ainda é cedo para avaliar se a meta de superávit da balança comercial de US$ 3,7 bilhoes, acertada com o Fundo Monetário Internacional, será ou nao atingida neste ano. Ao comentar o Boletim de Acompanhamento Macroeconômico de sua secretaria, relativos aos meses de junho e julho, Amadeo disse que embora nao haja perspectiva de recuperaçao da economia mundial neste semestre, observam-se sinais de que a substituiçao de importaçoes pode melhorar o desempenho da balança comercial. Segundo ele, a desvalorizaçao cambial já começa a apresentar resultados. De acordo com levantamentos feitos pela Secretaria de Política Econômica, a produçao de bens de consumo semidurávéis, nao-duráveis e intermediários está mantendo o mesmo nível de atividade do ano passado, enquanto a importaçao desses produtos apresen tou queda considerável. Em relaçao aos bens de consumo durável e bens de capital, houve queda na produçao em relaçao ao ano passado e a tendência de desaquecimento, segundo Amadeo, ainda se mantém.

Por outro lado, observou o secretário, a importaçao desses produtos também caiu.

Amadeo disse que a produçao dos bens de consumo durável deve se recuperar ainda este ano, a partir do terceiro trimestre por causa dos juros e dos prazos de financiamento. Segundo ele, as taxas de juros reais estao se aproximando do nível mais baixo apresentado nos últimos cinco anos. Na avaliaçao do secretário, se for mantida a taxa Selic de 21% e a média do IPCA em 7%, a taxa de juros real deverá permanecer em 13%, que é o nível mais baixo nos últimos cinco anos, excentuando-se o período de janeiro a agosto de 1997. Além disso, segundo Amadeo, os prazos de financiamento estao se dilatando. O último setor a ser recuperado, segundo Amadeo, seria o de bens de capital, o que só vai acontecer na medida em que o nível de produçao for se aproximando da capacidade instalada das indústrias.

Desemprego - Segundo Amadeo, no próximo ano o Brasil terá uma necessidade de financiamento externo de aproximadamente US$ 53 bilhoes, valor inferior aos US$ 66 bilhoes previstos para este ano. Do total para o próximo ano, cerca de US$ 34 bilhoes corresponderao a amortizaçoes e US$ 19 bilhoes ao déficit em transaçoes correntes. Neste ano de 1999, as amortizaçoes deverao somar US$ 45 bilhoes e o déficit em transaçoes correntes deverá totalizar US$ 21 bilhoes. No primeiro semestre deste ano, já foram amortizados US$ 27 bilhoes da dívida, restando apenas US$ 17 bilhoes para os próximos seis meses. O que, segundo Amadeo, cria um quadro externo mais fácil para o país.

Ele ressaltou a importância de o país continuar atraindo investimentos diretos para manter esse quadro . Na avaliaçao do secretário, nao há no cenário macroeconômico fatores que levem a uma reduçao dos ingressos verificados no primeiro semestre, que foram em média de US$ 1,5 bilhao de dólares ao mês, excluídos os ingressos referentes a privatizaçao. Amadeo disse nao acreditar que eventuais dificuldades da Argentina ou de conjuntura interna do Brasil, afetem esses ingressos. E lembrou que mesmo no auge da crise no Brasil, no início deste ano, os investimentos se mantiveram. "Os investidores preocupam-se com o horizonte pelo menos de cinco anos ou mais", comentou o secretário.

Amadeo disse que a taxa média de desemprego neste ano deverá ser igual ou menor que a do ano passado, que foi de 7,5%, segundo o IBGE. Amadeo observou que, nos primeiros meses deste ano, a taxa de desemprego vem se mantendo em níveis iguais ou menores que a do ano passado. A taxa dessazonalizada, segundo ele, está hoje em torno de 7%. Amadeo disse que, entre abril e maio deste ano foram criados 170.336 postos de trabalho face a 82.763 no mesmo epríodo do ano passado.

Ele observou, no entanto, que neste mesmo período foram criados 101.583 empregos com carteira assinada face a 75.172 no mesmo período de 98, o que mostra uma elevaçao do número de empregos sem careira assinada. O secretário disse que a formalizaçao do emprego é uma questao mais de ordem fiscal do que do mercado de trablho. " A queda na proporçao de empregos com carteira assinada nos últimos anos tem a ver com a questao previdenciária", afirmou. Ele assinalou, também, que enquanto o valor do benefício previdenciário do trabalhador, ao se aposentar, nao for correspondente ao valor das contribuiçoes, nao haverá estímulo para o trabalhador reivindicar a carteira assinada.




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