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Passeios de bicicleta com Collor e Dilma
Beto Silva
26/08/2016 | 07:00
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Dia 25 de dezembro de 1992. O presidente afastado Fernando Collor de Mello estava a cinco dias de ter seu processo de impeachment julgado pelo Senado. Ele ainda tentava manobras jurídicas para evitar a votação. Discutia com seu advogado a possibilidade de estender para mais 30 dias a sessão derradeira. O argumento era de cerceamento de defesa. Mas o ex-coordenador de seu governo, senador Jarbas Passarinho (PSD-PA), sugeria renúncia como medida menos traumática para a crise política que o Brasil enfrentava. “(O julgamento do impeachment) Deve marcar o início de um novo momento para o País e o fim das nossas incertezas”, dizia ele, ao acrescentar que Collor estava mal orientado e não poderia frustrar a Nação mais uma vez.

No Senado, a discussão era técnica e jurídica, sobre crime de responsabilidade. Porém, a votação e análise eram políticas. Collor passou o Natal na Casa da Dinda, com sua mulher, Rosane, e outros sete casais de amigos. Eram consideradas amizades fiéis naquele duro cenário. Entre os convidados, a Presidência era tratada como coisa do passado. Mas o presidente afastado dizia que só acabaria em janeiro de 1995. O presente mais usual foi uma bicicleta. Mais especificamente uma Montain Bike cinza, de 21 marchas, que ganhou do empresário Luiz Estevão. Com ela, as pedaladas foram para espairecer. Collor distribuiu gravatas aos amigos. A festa acabou 3h30 do dia 26. No dia 30, às 9h34, seu advogado levou ao Senado sua carta de renúncia. Mas a Casa seguiu a votação que selou seu impedimento.

Dia 26 de agosto de 2016. A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ainda analisa sua defesa. Em cinco dias será julgado pelo Senado seu processo de impeachment. É acusada de crime de responsabilidade, como Collor. Os argumentos técnicos e jurídicos serão avaliados de forma política, como Collor. Mas, ao contrário dele, ela afirma que não vai renunciar de forma alguma. Se vivo estivesse, Jarbas Passarinho poderia repetir a análise feita há 24 anos. Apesar de o povo, como em 1992, continuar com suas incertezas. E Dilma poderá dar suas pedaladas para espairecer das consequências das pedaladas anteriores, as fiscais, com uma bicicleta bem mais moderna do que a Montain Baike de Collor. O que a estrada do futuro reservará a Dilma? Collor foi inocentado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e hoje é senador. E sente-se traído por ter sido defenestrado do Palácio do Planalto.

Quaisquer semelhanças com o atual cenário não é mera coincidência.

BASTIDORES

Oba-oba – 1
Agora, políticos querem aparecer ao lado de atletas que se destacaram na Olimpíada do Rio de Janeiro. Querem colar a imagem nos esportistas e surfar na popularidade após os bons resultados deles nos Jogos. Mas será que os homens públicos, de fato, priorizam o Esporte?

Oba-oba – 2
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu ontem alguns atletas que estiveram na capital fluminense e que são incentivados pelo Estado. A gestão paulista investe 0,1% do Orçamento no Esporte.

Oba-oba – 3
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), recebe hoje o ginasta Diego Hypólito, medalha de prata na Olimpíada do Rio. O governo municipal investe 0,84% do Orçamento em Esporte, o mais baixo percentual entre as sete cidades do Grande ABC.

Dilma apoia tucano
Dilma pede voto para Paulinho Serra, candidato do PSDB a prefeito de Santo André. Mas não é a petista que está prestes a ser impichada. Trata-se da comerciante Dilma Veras, comerciante de 53 anos, candidata a vereadora pelo PV.

Na onda de Aidan
Doutor Aidam é candidato a vereador de São Bernardo. Isso mesmo. O advogado, que se chama Luiz Carlos Eidam, tem o nome de divulgação Dr. Aidam, como ‘m’, mas propositadamente parecido com o do ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (PSB), que é famoso, usa Dr. Aidan e tenta voltar ao Paço andreense. Será que o jogo de letras vai dar certo? 




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