Os 16 mil funcionários da Volkswagen Anchieta recebem nesta segunda, em assembléia na porta da fábrica, informações sobre a proposta para redução da jornada e dos salários em 15% e suspensão do corte anunciado para 3 mil funcionários. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse, no retorno de sua viagem à matriz da empresa na Alemanha, no sábado, que os pontos mais positivos do acordo foram a suspensão das demissões e a exclusão da cláusula que permitia à empresa demitir mil funcionários por ano.

Marinho afirmou que a proposta pode não ser votada nesta assembléia. “Acho que não teremos condições de tomar a decisão logo na segunda-feira pela manhã. É preciso que os trabalhadores tenham um tempo para tomar a decisão com muita consciência.”

Com a aprovação do acordo, a Volkswagen convoca imediatamente 1,5 mil funcionários para o trabalho e concede licença remunerada para outros 1,5 mil até 31 de janeiro de 2002. Além disso, a empresa abre um programa de demissão voluntária com previsão para adesão de 700 pessoas.

A empresa também promete investir R$ 1 bilhão para produzir uma versão do Polo para ser exportado, com base no modelo hatch a ser lançado no ano que vem e, além disso, reforçar a posição da unidade Anchieta na disputa com a China pela produção do Tupi. “Se o projeto vier para o Brasil, será de São Bernardo”, disse Marinho. “A suspensão das demissões e a concretização de novos investimentos estão condicionados à aprovação do acordo como um todo.”

Marinho afirmou que o pacote será válido por cinco anos. Durante este tempo, a Volkswagen poderá demitir apenas os aposentados há mais de três anos, os funcionários que aceitarem aderir aos PDVs abertos ou aqueles que tiverem baixo desempenho na avaliação conjunta da empresa e do sindicato.

A redução da jornada de trabalho será obtida com a adoção da semana de quatro dias e do banco de horas. O salário será reduzido em 15%, e o valor nominal do salário será composto com pagamentos mensais da participação nos lucros e resultados (PLR), até hoje paga no máximo duas vezes ao ano.

Marinho obteve nova proposta da Volkswagen depois da reunião realizada na última quinta-feira com o vice-presidente mundial da Volkswagen, Peter Hartz, e com o presidente da montadora no Brasil, Herbert Demel. A empresa informou que comentaria o acordo apenas depois da assembléia desta segunda, após a exposição do sindicato.