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O dia em que Elvis Presley pediu para virar policial
Do Clarín
16/01/1999 | 18:07
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Richard Nixon e Elvis Presley tiveram um encontro cuja história, quase 30 anos depois, virou uma espécie de minilenda, misturando o mais alto poder político dos Estados Unidos, drogas e rock and roll em plena Guerra Fria.  

Rápida, marcada em cima da hora, a reuniao mantida na Casa Branca em 21 de dezembro de 1970 teve como tema a conversao do rei do rock, entao com 35 anos, em agente federal, para combater o consumo de drogas no ambiente que conhecia melhor - o showbiz.  

Oito documentos sobre o episódio, tornados públicos depois de um longo período no qual ficaram arquivados como confidenciais, narram o encontro de Nixon (1913-1994) e Elvis. O material referente à ocasiao (fotografias e textos) está entre os mais requisitados no Arquivo Nacional dos EUA, onde permanece disponível para consulta. 

Uma carta - A visita de Elvis ao presidente começou num dia indeterminado de dezembro de 1970, num aviao da American Airlines com destino a Washington. A bordo estava um Elvis deslumbrado com sua recente indicaçao, pela Junior Chamber of Commerce dos EUA, para o grupo dos dez norte-americanos mais notáveis. A mesma distinçao já fora recebida pelo próprio Nixon e também por John Kennedy.  

Talvez inspirado pelo diálogo que manteve em pleno vôo com um senador, a respeito dos "problemas enfrentados pelo país", Elvis nao teve dúvidas: muniu-se de papel e caneta e começou a escrever uma carta à Casa Branca. Começava assim: "Querido senhor presidente. Primeiramente, quero me apresentar: sou Elvis Presley".  Depois de expressar sua admiraçao por Nixon e garantir que nao tinha outra intençao que nao fosse ajudar os EUA contra os problemas da "cultura das drogas e dos hippies", Elvis foi ao ponto: "Quero tornar-me um agente federal, com credencial oficial".  

A carta do cantor seguia com um apelo: "Seus assessores podem marcar um encontro comigo hoje, esta noite ou amanha". Elvis escreveu que estaria hospedado no Hotel Washington, sob o nome falso Jon Burrows. "Ficarei lá o tempo necessário para a emissao das credenciais de agente federal".  

Na manha de 21 de dezembro, Elvis foi pessoalmente à porta noroeste da Casa Branca, com a carta em maos. Lá, pediu uma audiência com Nixon.  O staff do presidente, formado por Dwight Chapin, Egil Krogh e o secretário-geral da Casa Branca, H.R. Haldeman, levou poucas horas para analisar as vantagens que Nixon teria em se reunir com o roqueiro. "Tomará pouco tempo do presidente, e pode ser extremamente benéfico para ele (Nixon) construir certa relaçao com Elvis", escreveu Chapin a Haldeman. A audiência foi marcada para o mesmo dia, às 12h. 

A conversa - Foi necessário colocar Nixon a par de uma série de coisas: o motivo da visita, quem estaria presente e os temas a serem tratados (as mortes de Jimi Hendrix e Janis Joplin foram um deles). Houve também uma pauta de sugestoes para aproveitar a urgência de Elvis em ajudar seu país: assessorar o pessoal da Casa Branca; gravar um especial de TV; compor um rock chamado Get high on life (um trocadilho que significa "drogue-se com a vida"); gravar um disco num centro de reabilitaçao no Kentucky; tornar-se consultor do Conselho Publicitário na área de mensagens antidrogas para os jovens.

Nixon recebeu Elvis na Casa Branca às 12h30. Primeiro, houve uma sessao de fotos. Depois, o cantor mostrou ao presidente a sua coleçao de credenciais, obtidas nos departamentos de polícia da Califórnia, do Colorado e do Tennessee. Nada disso pareceu surpreender a Nixon.  

Na verdade, o presidente só se espantou quando Elvis começou a atacar outros grandes astros do rock: "Os Beatles foram um grande reforço ao espírito antiamericano. Eles vieram aqui, ganharam dinheiro e depois voltaram para a Inglaterra e compuseram uma cançao anti-EUA", disparou o cantor. Ele fez ainda alguns comentários anticomunistas e reafirmou várias vezes sua admiraçao pelo presidente.  

Depois de um forte abraço e de presentear Nixon com uma pistola Colt 45, relíquia da Segunda Guerra, Elvis deixou a Casa Branca. Dez dias mais tarde, fez uma visita ao FBI, durante a qual exibiu, orgulhoso, uma insígnia do Departamento de Narcóticos e Drogas Perigosas, que lhe fora dada pelo presidente.  Sete anos depois, morreu de uma suposta overdose.




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