Desde 2004, quando teve o melhor desempenho da história em eleição majoritária, com 32,18% dos votos conquistados por Hamilton Lacerda, o PT de São Caetano bate cabeça. A chance de conquistar o Palácio da Cerâmica subiu à cabeça das lideranças locais, que se perderam. De lá para cá, muitos erros. E perdas que se sucederam deixaram a legenda fragilizada para a eleição deste ano. Poucos foram os que ficaram. Saíram por vergonha ou por projetos pessoais. Poucos por ideologia. A maioria, na prática, fugiu no momento em que o partido mais precisava. E há quem continue, mas evita ir para front de batalha. Era preciso encarar a realidade e lutar para o resgate daquela agremiação aguerrida, de esquerda, a favor do trabalhador e da sociedade. Quem ficou tem a responsabilidade de manter a mínima integridade que resta à sigla. Filho do sindicalista Guiba Della Bella, Márcio Della Bella, 38 anos, é o candidato a prefeito que manterá a bandeira vermelha com a estrela hasteada. Também tem sua parcela de culpa sobre a atual situação do PT são-caetanense, pois estava ao lado de líderes que promoveram as lambanças do passado recente. Mas não lhe falta coragem, palavra que, aliás, está em seu slogan de campanha. Márcio sabe que não será eleito. Sabe também que corre sério risco de entrar para a história política da cidade de forma negativa. Pois, sem dinheiro, com a legenda em descrédito no âmbito nacional e especificamente em São Caetano tem os mais altos níveis de rejeição, é provável que não atinja os 10,6% dos votos válidos conquistados por Vera Severiano (PT) em 1996, o pior desempenho de uma chapa majoritária petista na cidade. Márcio Della Bella deixou uma posição confortável, de assessor de gabinete na Prefeitura de São Bernardo, para encarar essa missão partidária. Tem ao seu lado alguns bravos guerreiros, como Chicão Ribeiro, que também não pulou do barco quando era mais conveniente. Ficar no PT de São Caetano e encarar a eleição de 2016 é como fazer parte da tropa espartana, de 300 homens, que encararam com os aliados mais de 250 mil soldados persas na Batalha das Termópilas (480 a.C). Eleger um vereador petista e/ou atingir mais de 10% dos votos na corrida pelo Palácio da Cerâmica será uma vitória e tanto.

Rusga democrata
O advogado Fabio Picarelli (DEM) tem afirmado por aí que sofreu “conspiração” do diretório municipal do partido, que o fez desistir da candidatura ao Paço para apoiar Aidan Ravin (PSB). A direção democrata responde à altura. Considera “lamentáveis as declarações inverídicas” e diz que o aborto do projeto foi “sua decisão pessoal e isolada”. A executiva andreense afirma ainda que a convenção do DEM decidiu por unanimidade não apoiar nenhum candidato a prefeito nem coligar com outro partido. “O isolamento de sua campanha deu-se após dois questionamentos feitos pela direção municipal do partido: o primeiro com relação a origem, disponibilidade e transferências dos recursos financeiros utilizados em sua pré-campanha, que não passaram pela agremiação em suposta ofensa à legislação eleitoral, bem como com relação às propagandas eleitorais irregulares e que foram alvo de aplicação de multas pela Justiça Eleitoral. Vale frisar que tais condutas colocaram em risco o partido e todos os pré-candidatos a vereador pela legenda.”

Ironia – 1
Aliados do candidato a prefeito de Santo André pelo Psol, Ricardo Alvarez, ironizaram as caretas feitas pelo tucano João Doria Jr, que concorre ao paço paulistano, ao comer pastel e tomar pingado em atividades de campanha. Em foto que circula na internet, Alvarez está na padaria, comendo pão na chapa e café com leite com os dizeres: “Nosso candidato bebe pingado sem fazer careta”. Pela imagem negativa disseminada nas redes sociais, a assessoria de Doria pediu à imprensa que evite fotografá-lo comendo. Vai mudar a personalidade, o histórico de vida e a bagagem social do tucano?

Ironia – 2
Candidato a vereador pelo Psol em São Caetano, Horácio Neto foi na mesma linha. “Candidato álcool gel, venha ter uma aula de como comer pastel e conversar com o povo na feira”, é a frase que acompanha a imagem do socialista abocanhando o quitute.