A Prefeitura de Diadema contratou, por meio de licitação, a empresa Geométrica Engenharia de Projetos para gerenciamento e supervisão de obras - a administração não especificou as intervenções. O valor do acordo é de R$ 5,8 milhões, quase dez vezes mais do que o contrato firmado entre a mesma Geométrica e a Prefeitura de Santo André para a realização de serviços semelhantes.

Pelo edital, a Geométrica também dará assessoria técnica a empreendimentos que compreendem programas de Mobilidade Urbana, Educação, Saúde e Saneamento Básico. O tempo da admissão é de dois anos e meio, o que faz com que o escritório de engenharia receba R$ 200 mil mensalmente.

Em nota que não deu detalhes da licitação, o governo Mário Reali (PT) informou que seguiu trâmites presentes na Lei de Responsabilidade Fiscal - como escolha da menor proposta e melhor qualidade técnica - e que as ações que a Geométrica supervisionará estão presentes no Plano Plurianual, aprovado pela Câmara Municipal em 2009, primeiro ano de gestão de Reali.

A Prefeitura não explicou os motivos da terceirização para elaboração de projetos sendo que o Paço conta com departamento de engenharia, lotado na Secretaria de Obras. Também não comentou a discrepância de valores com relação ao acordo feito entre a Geométrica e o Executivo de Santo André.

A Geométrica foi admitida pela administração de Santo André para projetar obras viárias para o município. Entre as primeiras ações divulgadas está a construção de ponte estaiada no Viaduto Adib Chammas

A empresa também prestou serviço em Ribeirão Pires, para planejamento nos bairros Jardim Nossa Senhora de Fátima e Jardim Sol Nascente. O valor foi de R$ 864.567,66.

Em 2008, o Consórcio Intermunicipal fechou com a Geométrica para projeção de obras de ligação entre a Avenida Jacu-Pêssego com os municípios de Santo André e Mauá. A entidade pagou R$ 145 mil.

Em Mauá, acordo com a Geométrica está na mira do TCE

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo investiga a contratação da Geométrica por parte da Prefeitura de Mauá. O órgão questiona a licitação de 2010, que garantiu R$ 9,4 milhões à empresa. O processo ainda corre no TCE.

A Geométrica já trabalhou para a administração mauaense, também com o prefeito Oswaldo Dias (PT). Em 2001, o petista admitiu o escritório para planejamento de diversas obras viárias, como o Viaduto Capitão João e o plano diretor de macrodrenagem.

Além dessas intervenções, a terceirizada ficou responsável por erguer a biblioteca municipal. A construção do prédio foi abandonada pela Prefeitura assim que o PT perdeu a eleição de 2004 e, durante toda gestão de Leonel Damo (sem partido), não foi retomada.

Assim que retornou ao poder, em 2009, Oswaldo deu continuidade à obra, mas trocou a finalidade. Em vez de biblioteca, resolveu instalar um centro de formação para professores. Orçada em R$ 3,2 milhões em 2004, a obra custou R$ 9,78 milhões aos cofres públicos.