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Sugestão de índice de preços de imóveis divide opiniões
Pedro Souza
Com AE
20/03/2010 | 07:00
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O diretor de normas e instituição do BC (Banco Central do Brasil), Alexandre Tombini, sugeriu ontem a criação de novo indicador de mercado que apresente a variação de preços de imóveis. Este índice serviria para que o BC monitorasse melhor o setor imobiliário. Porém, as opiniões estão divididas sobre o assunto.

A proposta é que uma entidade, como a FGV (Fundação Getulio Vargas) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), desenvolva o indicador incentivada pelo BC. Tombini, que é o mais cotado a suceder a presidência da autarquia monetária, fez a sugestão na 2ª Conferência Internacional de Crédito Imobiliário, realizada em Fortaleza (CE).

Para o coordenador do IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), Antonio Evaldo Comune, o mercado imobiliário está em fase de expansão, estimulado pelo déficit habitacional. "E um indicador neste meio seria de extrema importância, pois iria balizar as próximas políticas econômicas do setor e as estratégias das empresas", diz.

O problema, segundo Comune, será o levantamento de todas as informações sobre o assunto. "Imagine pesquisar as variações dos preços de compra e venda de todas as capitais. Seria um imenso desafio", avalia.

Atualmente, existem indicadores que medem custos de materiais de construção, construção de imóveis e aluguéis. Mas variação de preços de casa, terrenos e prédios ainda não.

SEM EFEITO - O diretor de economia do Sinduscon-SP (Sindicato da Construção do Estado de São Paulo), Eduardo Zaidan, afirma que "um indicador desses seria mais um que não indicaria nada".

Ele explicou que os preços dos imóveis são determinados a partir de muitas variáveis. "Se o imóvel está no começo da rua, cujo metro quadrado custa R$ 3.500, no fim da mesma rua, podemos achar outro igual por R$ 2.500 o metro quadrado. Só a localização já determina mudança em preços", explica.

Ele critica a ideia de gerar média de variação de valores ironizando. "Estou com uma planta (projeto de imóvel) na minha frente e tenho 20 orçamentos diferentes para ela. Não posso fazer a média do preço de todos. Senão era a mesma coisa que dizer que se meu irmão gêmeo emagreceu seis quilos e eu nenhum, nós dois perdemos, em média, três quilos."

O IBGE informou, por meio de nota, que não comenta possível criação do indicador, a não ser que receba, oficialmente, a demanda para desenvolvê-lo. O instituto é responsável pelo índice de inflação IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), utilizado pelo Banco Central para monitorar o mercado.




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